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terça-feira, 30 de outubro de 2007

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O ESCRITOR ALESSANDRO BUZO

É com grande satisfação que nóis, do coletivo Elo da Corrente, apresentamos uma entrevista exclusiva com o escritor, ativista, jornalista, editor... Enfim , um mano de correria em pró da arte e da cultura periférica, além disso um grande amigo, estamos falando de Alessandro Buzo . Nessa entrevista Buzo, o “Suburbano Convicto” fala sua pessoa, carreira, militância, família e seus projetos futuros.
Confira então o que tem a dizer esse mano que é um dos maiores nomes da cultura popular brasileira atual, exemplo vivo que a periferia pode ser diferente.
Fotos : Marilda Borges
Alessandro Buzo
Elo da Corrente - Você é um cara muito conhecido e respeitado em todo Brasil, pela sua pessoa e pelo seu trampo, mas como você define o Alessandro Buzo?

Alessandro Buzo
: Um cara simples e humilde, nada sobe pra minha cabeça, tenho os pés no chão e sou determinado, acho que por isso minhas coisas andam, meu papo é sempre reto, palavra de homem não pode fazer curva.
De resto procuro ser um bom pai e um bom marido, amo muito minha família.
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E.C -Você sempre diz que muitas pessoas se iludem vendo você lançando livros, aparecendo em revistas, na tv. Você acredita que essas pessoas conhecem de fato seu trabalho? Fale sobre sua caminhada?

Buzo:
Eu acabo conseguindo uma boa divulgação na mídia, vira e mexe eu tô na TV, jornal, revista.........mas isso não quer dizer que esteja ganhando muita grana, até queria, mas não é a realidade, não tenho casa própria e nem carro, moro (sem aluguel) numa casa de 2 cômodos e não aceito pessoas insinuarem que tô cheio da grana, meu maior sonho é comprar uma casa, quem sabe em 2008. E se eu tiver mesmo ganhando uma puta grana, não vou achar nada ruim, ai sim poderão falar que não vou nem ligar.
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E.C- O ano de 2007 é o melhor momento da sua carreira até então? Por quê?

Buzo: Acho que sim, assinei contrato com a Global Editora, agora meu livro "Guerreira" está em tudo quanto é livraria do Brasil, organizei e lancei um livro coletânea, fui a vários estados e cidades, montei uma loja no Itaim Pta (Zona leste de SP), fui finalista do Premio Toddy e esse mês disputo pelo 3o ano seguido o Premio Hutúz, isso tudo é bacana e faz a gente acreditar num futuro melhor.
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E.C- A caminhada como ativista tem sido difícil? Quais são as maiores dificuldades?

Buzo: Se eu fosse artista, ia tirar onda, mas como sou militante, acabo trampando em dobro, no dia das crianças distribui na 14a edição do meu evento 3.000 mil brinquedos e 1.000 kit de doces, difícil é arrumar grana para tudo isso, ainda tem ajuda de custo de alguns grupos que nem cantar no FAVELA TOMA CONTA sem cachê, depende de muita articulação para conseguir isso e ainda a estrutura (palco, som, banheiro químico), mas vamos que vamos, já trouxe grandes nomes do Rap Nacional para cantar aqui na favela, Expressão Ativa, De Menos Crime, Tribunal Mc´s, Trilha Sonora do Gueto, A Família, DMN, Função RHK, Sandrão RZO, Dudu de Morro Agudo, Thaide entre outros, mas é muito corre, às vezes cansa, mesmo eu falando que é de graça, na favela, já teve muito grupo que pediu R$ 1.000,00 pra vir e pode ter certeza, esses não vão vir nunca, a não ser que alguém banque, o que é muito difícil.
Buzo, Raquel e Michel
na loja Suburnano Convicto

E.C- Na quebrada, quando alguém quer montar um negócio próprio, normalmente monta um buteco, você montou uma loja especializada em literatura marginal e Hip Hop. É um sonho realizado? Fale sobre sua loja.

Buzo: É sim, sempre quis ter uma loja, ainda mais uma que vende livros, roupas da Conduta, Cd´s e Dvd´s originais, mas como ela não é no centro do Itaim Pta, vende menos do que eu gostaria, o pessoal do bairro não tem valorizado tanto, mas vem manos de vários lugares (Michel e Raquel de Pirituba, um de Osasco, outro do Sapopemba e por ai vai), vem gente de longe comprar os LIVROS, olha o progresso. Mas não penso só nas vendas, a loja é onde distribuo informação pra molecada, tem sempre fly de evento, agenda da periferia, etc.............jogo isso na mão dos moleques menores, quem sabe não mudo o futuro deles, faço nascer o interesse na leitura e na cultura
, a loja serve ainda de escritório e onde atendo a imprensa, é o meu point.
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E.C-Além da literatura e do hip hop, você é cinema nacional na veia. Quando vamos ver o Suburbano Convicto em vídeo?

Buzo: Amo cinema nacional e escolho hoje o que vejo de americanos, no meu blog (www.suburbanoconvicto.blogger.com.br) eu comento os filmes que assisto e a galera tem participado, comentando também, acho que o cinema nacional está num grande momento, Suburbano Convicto deve virar um documentário, acho que o "Guerreira" tem fôlego para virar longa um dia, quem sabe. Trabalho numa produtora de vídeo (DGT Filmes) e estou aprendendo para no futuro fazer eu mesmo os meus filmes, tenho planos de fazer um em 2008, vai se chamar "Profissão MC", mesmo titulo do livro que eu estou escrevendo, mas não é basicamente a mesma história, só o mesmo tema (um rapper).
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E.C- É a terceira indicação seguida que você recebe ao Premio Hutuz. Como ficou sabendo? Qual sua expectativa?

Buzo:
O Mandrake do Portão Rap Nacional que sempre me avisa em primeira mão, fico feliz de ser lembrado, no primeiro ano levou o Ferréz, no ano passado a Cooperifa, quem sabe não ganho dessa vez, mas só de estar na final já é bacana e ajuda na divulgação do trampo.

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E.C- Qual reflexo do seu trabalho artístico e cultural na formação do seu filho Evandro?

Buzo:
Espero que muito, ele tem 7 anos e está na primeira série, mas já sabe ler e escrever, gosta muito de filme infantil e tem vários livros em casa, não quero forçar ele a nada, mas vou sempre apoiar o que ele quiser fazer e o que ele quiser ser, o pai é sempre um herói pra uma criança, e procuro dar atenção e ser um bom pai.

Buzo é um Suburbano Convicto

E.C- Muitas pessoas, minas principalmente, ao verem o titulo do seu livro "Gurreira" imaginam uma história bem diferente da que você escreveu. Isso foi uma surpresa?

Buzo:
Foi de caso pensado, sei que pensariam que era a "Guerreira" do Hip Hop, da periferia, como a Marilda (minha esposa), a Raquel (esposa do Michel) e outras, mas não era, é uma mulher viciada em drogas que é "Guerreira" por sempre lutar para sair do fundo do poço, se todo mundo já soubesse antes de ler não teria graça, a Elizandra (poeta e guerreira da periferia), disse: - Você me enganou, pensei que era nós.

E.C- E as novidades? Muita coisa prevista pra 2008 ?

Buzo:
Muita coisa mesmo, pretendo relançar O TREM e Suburbano Convicto - O Cotidiano do Itaim Paulista, finalizar meu novo livro "Profissão MC" e quem sabe lançar um antes que está pronto, só falta corrigir, se chama: Do Conto à Poesia, com contos e poesias minhas, umas inéditas e outras publicadas nos sites que sou colunista. Esse ano fiz 4 edições do FAVELA TOMA CONTA, ano que vem devo focar mais na minha carreira de escritor. Trabalhar, trabalhar, trabalhar............pretendo fazer muita "oficina de leitura" aqui na quebrada, com a molecada.
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E.C- Onde podemos encontrar seu trampo (site, revista, etc.):

Buzo: Além dos meus 3 blogs...............

www.suburbanoconvicto.blogger.com.br

www.literaturaperiferica.blogger.com.br

www.buzoentrevista.blogger.com.br

Sou colunista do Site do Movimento Enraizados (www.enraizados.com.br), Portal Rap Nacional (www.rapnacional.com.br), do REAL HIP HOP (www.realhiphop.com.br), Mundo da Rua (www.mundodarua.com.br) e um em Portugal (www.xlrap.net), além da Revista Rap Brasil onde faço reportagens, além dos meus livros, venda direto com o autor (alessandrobuzo@terra.com.br).


Um Salve do Buzo:
Em primeiro lugar obrigado pelo espaço e interesse no meu trabalho, um salve pra todos guerreiros e guerreiras que não se entregam e não se curvam à alienação que nos chega via TV, a todos que lutam por uma periferia melhor.

Breve vou colar no Sarau do elo da Corrente em Pirituba (demorô), salve pro Michel da Silva e esposa Raquel, bonito vocês correndo juntos, de resto um beijo para meu amores Marilda Borges e Evandro Borges.

“ Pensavam que não sabíamos nem ler e estamos escrevendo livros.............para nossa história, nós mesmo escrevermos, tese de faculdade eu tô cansado de ser”.
Finaliza Buzo.





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