Somos periféricos, afro-brasileiros
vivemos na dificuldade
convivemos com o desespero
Desigualdade, preconceito
sem saúde, sem respeito
educação excassa, nenhum tostão
na Tv e na loteria
o sonho da fama e do milhão
Se a minha idade estourar
e eu não for um jogador bem sucedido
troca a bola pela bala
só me resta ser bandido
Não sou herdeiro, não sou chefe
convites, só pro crime
pra trampar, ninguém oferece
não quero essa vida, essa sina
de só me restar ser, um catador de latinha
Que nada!
Chega de vida sem ternura
vou me viciar, me viciar...
me viciar em leitura!
Pra manter meu vicio vou traficar
sem consentimento, a todo momento
fazer tráfico de conhecimento!
Pra me sentir seguro
vou andar armado
sem procurar treta
minha arma será, papel e caneta!
Vou descarregar meu ódio
apontar minha mira
toda revolta calada
na palavra a ira
Serei um assaltante
roubarei a cena da cidade
tudo que quero e não tenho
conquistar as oportunidades
Vou virar terrorista
soltar uma bomba no país
explodir barreiras mentais
valorizando nossa raíz
Na minha família
vou causar, tumultuar
causar uma felicidade única
quando nóis ingressar
na faculdade pública
Na faculdade
vou fazer um sequestro
vou sequestar nossa história
falar da nossa gente
buscar nossa glória
falar da nossa dor, do nosso valor
e deixar de ser somente a tese do doutor
E por tudo isso
serei considerado um criminoso
um homem perigoso
pois meu verdadeiro crime
é exigir nossa parte desse enorme bolo.
3 comentários:
Aí mano, Valeu!!!!
3 palavras: surpreendente, admirável e encantador!
Esse poema é foda!! É o espelho da nossa realidade triste mas com esperança de realizar um sonho no final, e me lembra um rap "é necessário sempre acreditar que o sonho é possível, o céu é o limite e você truta é imbatível, o tempo ruim vai passar é só uma fase (...)"
Valeu Michel!!!
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