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sábado, 29 de janeiro de 2011

Semana de apresentações na Fundação CASA

Durante essa semana estivemos (Raquel Almeida, Vagner Souza, Divino Silva, Diogo Nakakoge, Anderson Lima e eu)  em diversas unidades da Fundação CASA, realizando saraus literários, através do Projeto Arte na CASA, em parceria com a ong Ação Educativa. Vistamos, ao todo, seis unidades, só não houve vista no dia 25, por conta do feriado. 

Nossa proposta foi cutucar um pouco mais da nossa literatura nos pateos e salas de cada unidade. A troca foi a atenção, participação e o aprendizado que bebemos e oferecemos, cada dia com um sabor diferente. Pois a relação se deu no ouvir e ser ouvido, no respeito aos limites dos adolescentes, em outras quase um bate papo, e por vezes até a roda de capoeira gingou.

Há uma carência de fazer uso da liberdade de expressão, seja ela na voz, no corpo ou no direito ao silêncio.  Nós levamos alguns instrumentos e também os malabares para interagir e sempre havia quem arranhasse as cordas e nos brindava com alguma canção, ou mesmo quem tentasse decifrar as artimanhas do equilibrio nas claves. Sem contar, que o atabaque era a atração principal, nas bases dos tão cantados funks, a musica que  ta na boca da mulecada. E como a educação popular nos ensina: quem aprende também é mestre, cantamos juntos algumas vezes. 

Agradável esses encontros nunca são, pois é nesses dias que vemos jovens  que nos reconhecemos em espaços que não nos pertence, isso entristece, mas por conta de tantas injustiças que vão e vem muito antes de qualquer julgamento, esses adolescentes apedrejados pela vida, são os motivos maiores para voltar sempre que preciso. E na torcida e atividade para que o sempre se torne nunca.

Ao fim de cada encontro as energias se restabelecem e os jovens perguntam quando vamos voltar, mas a intenção não é encontrá-lo mais ali, então que a próxima vez seja além dos muros e das grades gritantes daquela caixa cinzenta.

Salvar, dar conselhos, acreditar que temos a solução não é o caso, mas a confiança é no despetar e também no lapidar do conhecimento, da arte, do nosso jeito de ser, pensar e existir. Pois nesse precipicio de possibilidades pode haver ao menos a perspectiva de escolha e não a falta de opção, ainda que para que isso aconteça seja preciso um chacoalão nas mentalidades de quem comanda e concorda com essas estruturas. Sem reinventar ou substituir o que está ai, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) continuará sendo descumprido e evitado. 

Um dia faremos saraus ao nossos jovens em praças que tenham os nomes da nossa gente, em uma periferia reurbanizada, com nossos jovens colorindo sorrisos  e versando o futuro. E que não haja mais Fundações CASA ou qualquer outra forma de aprisionar tantos talentos e capacidades, pois não cairemos mais nessa armadilha.

Hai de vingar  a semente! 

Um comentário:

Paulo Rams disse...

Salve... Michel, Raquel, Vagner Souza, Divino, Diogo Nakakoge, De Lima. Aí, estão de parabéns com o trabalho e que a magia do sarau, da poesia e da arte Não tenham paredes, grades e muros. puta trabalho isso é que é re-evolução! companheiros estamos juntos.

Paulo Ayub