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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Eduardo de Oliveira (Fonte: Quilombhoje Literatura)




“Sou alguém que jamais deixou
de acreditar no poder criador dos poemas"

(in CN29)


Na última quinta-feira, dia 12/7/12, aos 85 anos, faleceu mais um guerreiro, um poeta, um batalhador cuja biografia não sairá nos grandes jornais, mas que têm muita importância para este país.

EDUARDO DE OLIVEIRA, poeta e jornalista, defensor dos direitos humanos e observador das relações raciais no Brasil, foi Vereador em São Paulo. Autor de nove livros publicados, deixou em seus primeiros poemas o sabor amargo de não ter conhecido o senhor Sebastião Ferreira e dona Henriqueta de Oliveira, seus queridos pais, mas também deixou nesses poemas uma mensagem de profunda ternura, ao reconhecer a acolhida fraterna que seu pai adotivo, senhor Francisco Salles Prudente Corrêa, sobrinho-neto do Primeiro Presidente Civil do Brasil, Prudente de Moraes, sempre lhe dispensou. A generosidade de Eduardo de Oliveira e sua ação política foram carinhosamente estimuladas pelo grande líder norte-americano Martin Luther King, em carta ao poeta paulista. Eduardo é autor do Hino à Negritude.

Eduardo aderiu ao projeto dos Cadernos Negros participando dos números iniciais e depois também de outros. Que possamos guardá-lo sempre em nossa memória.

Um poema de Eduardo de Oliveira:

FILHO ENJEITADO

Meu legado, que é rico e tão valioso,
deu vida à nossa nacionalidade,
valorizando a própria identidade
do Brasil, que se diz ser generoso!

Pelo esplendor desta africanidade
doada a este país, belo e formoso,
quem a doou, o fez, por ser bondoso,
trabalhando no campo e na cidade!

Não é justo, portanto, quem persegue
aquele que nos deu este legado,
já que viver decente não consegue!

Nossa raça quer ser reconhecida
como um filho – mas não como enjeitado –
por ter dado ao Brasil a própria vida!

(in Cadernos Negros 29)


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