Domingo
foi um daqueles! Acordei de manhãzinha, fui escovar os dentes e quando apertei
a pasta, não é que saiu bola de goma? Fui lavar o rosto e da torneira escorreu
suco de melancia. Pensei: Hoje é meu dia!
Troquei
de roupa e fui pro quintal. O Sol tava lá, brilhoso que só. Subi na lage e dei uma
mordida nele, tinha sabor de geléia. No corredor tinha pé de pirulito, vaso
florido de pipoca, muda de bala sortida. O Sol ficou meio sem jeito e se
escondeu atrás do algodão doce.
A
Menina do Laço de Fita que tava com a Eunice, viu e deu aquele suspiro, foi um “ai...
ai...” tão sonoro que despertou um bando de livros, que vieram voando, espalhando
cores e pousaram nas mãos das crianças que passavam na rua. Uns passarinhos
ficaram com preguiça e fizeram ninho no Carrinho de Mãoteca do meu amigo
Digo-Livro.
Aí
já virou festa! Fui até portão e vi a mulecada jogando Capoeira, cada cantiga
bonita do Axé-Corisco, eu logo encostei pra bater palmas com eles. A Joana da
Roça veio de mão dada com a Baobá, enquanto o Carteiro disse que hoje só
entregaria Poesia.
Surgiu
um apito de longe. Daqueles de trem, sabe? Era o Versulindo avisando: Olha o
trem! Olha o trem! Quem vai? Veio gente de todo canto, criança de 1 e de 90, pra
embarcar no nosso vagão de fantasia.
Toda
vez que alguém se lembrava de uma música, o DJ Edimilson corria pra botar som
na caixa e fazer o bairro inteiro cantar. A Carolzinha descobriu uma mina de
tinta na calçada, cochichou pro Perê, chamaram outros amiguinhos e ficaram lá
pintando o sete. Teve gente que de tanto pintar esqueceu a mão pendurada no
muro do vizinho, tá lá até agora, o dono nem veio buscar.
A
hora voou, quando percebi já era Terça-Afro, mas a gente nem ligou, brincamos
de Caça e Caçador, batemos tambor, cantamos o Jacaré-Poio e no final ganhava
quem pegasse um pé de moleque.
Toda
essa brincadeira meu deu fome. Sorte que tinha bolo e refri pra todo mundo ficar
sorridente. Quando terminei de comer percebi que o céu tava virando chocolate e
era hora de ir pra casa, aproveitei e foi embora petecando a Lua.
Ainda
bem que a Soninha tirou bastante foto, assim a gente não vai esquecer tão cedo o sabor que
essa festa deixou na boca da gente. Além do mais, vai que alguém pense
que eu tô mentindo, né?
3 comentários:
Foi bom demais...a dimensão é o brilho no olhar de cada criança.
lindo de ver e de ler!
parabéns a todos os envolvidosu
Lindo de ver e de ler.
Parabéns a todos os envolvidos.
Somos todos ibejis!
Postar um comentário