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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

É meu maior prazer vê-lo brilhar... (Crônicas de um peladeiro) Por Michel Yakini.



O Mengo é um time em que a formula do técnico ex-jogador tenha lá umas estórias de sucesso. A regra vale pro campeão do mundo Carpegiani, Luxemburgo (que não ganhou muitos títulos, mas teve boa passagem), Júnior (que fez mais sucesso com seu Black Power e com a redonda nos pés), Carlinhos (o Violino, tampão dos anos 90) e também em dois casos que carregam meu apreço: Andrade e o “noviço” Jayme de Almeida.

            A ausência de técnicos negros em times graúdos é escancarada e levada ao desprezo pela crônica esportiva, mas o Mengo não só aposta em resgatar ex-jogadores, como foi campeão com técnicos que condizem com a tradição do clube.

Nos tempos dos “matches” e do “football”, enquanto o pó de arroz comia solto nas Laranjeiras, o Mengo, depois do Vasco, apostou no talento da negrada e além de títulos, conquistou a massa dos morros cariocas e do Brasil.

Não é a toa que o apelido de mau gosto criado pela torcida rival, em alusão a massa negreira flamenguista, foi chamar a torcida do Fla de urubú, mas como bem ensinou o poeta Miró: “Urubú como carniça e voa”, e isso é mais um dos muitos apelidos que saiu pela culatra, e o tal virou símbolo do maior time do Brasil.

Por isso, nada mais coerente que um time que a torcida é reconhecida por ser majoritariamente negra, assim como sempre foi a maioria dos seus ídolos, tenha um técnico negro no comando.

Mas o que me intriga são os casos de Andrade (o que mais vezes ganhou o Brasileirão) e do atual treinador Jayme de Almeida, pois esses treinadores negros só apareceram pra cobrir buraco de medalhão demitido e o mais curioso: sem nenhuma expectativa inicial, foram campeões!

Jayme de Almeida parece ter reeditado a virada feita por Andrade em 2009, quando assumiu um time capenga e foi campeão com justiça, o problema é que bastou o time tropeçar na Libertadores do ano seguinte e todo trabalho de Andrade foi jogado pelo ralo, feito café frio. Andrade foi demitido e está no limbo, passou o segundo semestre de 2010 campeão e desempregado, agora nem sei por onde anda.

Jayme de Almeida carrega o mesmo peso. Consertou um time depreciado e largado por um ex-técnico de seleção, que como diria minha mãe “cuspiu no prato que comeu”, sendo prata da casa, tampão, campeão e como uma Libertadores pela frente.

Se essa equipe, em que o melhor jogador era um volante (que nem continua no elenco) e um artilheiro-brocador, até um dia desses motivo de chacota, vai vingar em 2014 é improvável. O time é limitado, Jaime tirou água de pedra, e por salvar o precipício de 2013 deve ser prestigiado vencendo a Libertadores ou não.

Que nenhum cartola sem noção tenha a pachorra de demiti-lo no primeiro semestre, pois o Flamengo deve reverência a Jayme de Almeida... um ex-jogador do clube, dedicado funcionário, que emancipou sua família negra pelo futebol, que salvou o rubro-negro de uma degola certa em 2013...  Repito: O Flamengo deve a Jayme de Almeida, no mínimo, reverência. 

A Libertadores 2014 começa aqui pro Mengão e que a injustiça feita com Andrade não se repita a Jayme de Almeida, fiquemos de olho!

www.michelyakini.com
              



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