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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

PRECONCEITO LINGUiSTICO (Mais pimenta no molho)

É o seguinte recebemos um comentário de um mano lá do DF, seu nome é Estevam Campos, que se sentiu a pampa pra mandar uma letra sobre nossa indicação de livro e troca de idéia, só pondo mais fervura na conversa, já alimentada pela De Lourdes e pelo Léo, segue aí o comente dele:

Salve, Michel e família. Licença pra chegar no blog, que por sinal é muito bom (conteúdo de qualidade). Seguinte: me graduei no curso de Letras no ano passado e, durante todo o curso, discutimos muito essa questão do preconceito linguístico.
O livro do Marcos Bagno foi muito debatido (com razão), mas também discutimos bastante sobre o livro "Por que (não) ensinar gramática nas escolas", de Sírio Possenti, acredito ser um livro enriquecedor, certo?
Vai aí a sugestão. Além disso, aproveito para dizer que meu trabalho de conclusão de curso foi sobre a literatura que é produzida nas periferias das grandes cidades e, como não podia deixar de ser, abordei a questão do prconceito por diversas vezes.
Caso seja do seu interesse, posso te enviar pra você analisar e ver se curte. Abraço e progresso pra "nóis" sempre!!!

Estevam Campos


Resposta:

Firmeza total Estevam! Satisfação em saber que você acompanha nossas andanças mesmo de longe (o que aproxima muito). Também é da hora saber que essa questão está sendo cutucada nas incomodações da ilha academica, apesar de saber do buxixo que dá com empoeirados conservadores. Eu atentei pras referências do livro do Marcos e com certeza Sirio Possenti está na mira da minha leitura. Tenho intenção de ler seu trampo de conclusão sim, se puder mandar leio e repasso com seu consentimento.
Não foi à toa que esse tema recebeu aréa vip no nosso blog, que já propõe outras debates de opressões especificas, mas que como tem como carro chefe a literatura e não poderia deixar de promover essa troca de idéia sobre nossa linguagem.
Já ouvi e debati várias chamações insossas sobre nosso jeito de escrever e praticar oralidade, inclusive por professores de português, mas tô ligado que muita gente quando conhece o vasto e profundo rio da lingua brasileira, prefere se banhar no lodo seboso da poça gramatical aportuguesada (e idealizada). Mas como já descreve Marcos Bagno entre a poça da lingua morta e a imensidão das palavras, prefiro me banhar e frutificar na imensa maré da lingua viva, que se movimenta. É assim que me sinto quando escrevo e declamos nossos cantos e contos nos cantos da cidade.

Michel
__________________________________________

Mal Amada

Reconheço!
Essa tal Gramática
é cheia de adjetivos e predicados
tem um jeito singular de ser
mas sempre se faz de difícil

Certa vez nos conhecemos
ali no Praia Linguistica

perto da Avenida Didática

Trocamos algumas palavras
nos embriagamos
de linguagem
e no ápice
nos tornamos
uma só interjeição

Sussurrei poesias contundentes

em seu ouvido
enquanto ela gritava
xingando e dizendo palavrões
perdeu a linha
aí soltei o verbo também
me senti um sujeito oculto

Só durante as reticências
tragando um neologismo
percebi que não somos sinônimos

Ela é uma conservadora
perfeccionista
seu jeito nunca muda
sempre está certa em tudo

Marcamos outro encontro
pra colocar os pingos nos is
mas apareceram suas amigas
a Crase, a Concordância e a Regra
um bando de chatas
nem pude mandar uma letra
nóis num consegui si intendê

Mas um dia, Gramática
eu ainda te domino
e te pego de jeito
Ah, se pego!

2 comentários:

Estêvão Campos - DF disse...

Salve, Michel. Firmeza total, mano!!! O poema ficou da hora. Muito bom mesmo. Realmente, já bati de frente várias vezes com professores mais conservadores e até mesmo com colegas, pela questão do preconceito que é exercido. Gostaria que você me mandasse um email, pra que eu possa enviar para o seu endereço eletrônico o meu trampo, certo? Meu email é estevaocampos@hotmail.com. Abraços, guerreiro.

leogarin disse...

Dale Michel, salve De lourdes e Estêvão.
Da hora a repercussão dessa temática. Melhor ainda é saber que as pessoas que estão querendo discutir isso tem meios de ampliar essas conversas, seja em encontros sociais, como no sarau, seja pela internet ou na universidade.
O ponto chave do debate tem que ser focado na comunicação. Na troca de idéias e no contato e entendimento entre os seres humanos. Que se forem castados, podados e discriminados por regras gramaticas serão forçados a conviver em ambientes micro-sociais. Disperdiçando toda a capacidade de crescimento coletivo que pregamos. Crescimento fortalecido pela troca de experiência.

Outro assunto de pertinencia para esse debate tb poderia envolver o ambiente musical, fortimento ligado a discussão linguística, tendo seus erruditos e populares.
Poderiamos começar com a pergunta - Quem faz música? é a mesma pergunta que começamos o debate. Quem faz livros?
Ou ainda, por considerar esses dois meios de comunicação, as letras dos livros e as melodias das músicas, como meios de produção de conhecimento, poderiamos pergutar. Quem faz conhecimento?



Eu apoio totalmente um aprofundamento desse debate e também gostaria de partipar da leitura do seu trabalho Estêvão. pode ser? meu e-mail é leo78156175@hotmal.com.