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segunda-feira, 3 de março de 2014

Segunda-feira (por Michel Yakini)



Hoje é o dia certo pra prosear, pras lorotas evaporarem e as pilastras firmarem no chão.
É dia de linha cruzada, de desobstruir os atrasos e dar um chega pra lá na falsidade.
É dia de abrir os caminhos da pulsação ancestral, e brochar a cara dos chupins de plantão.
Hoje é dia de vida, de retomar o prazer das verdades e não valorizar o gozo entorpecido.
É dia de reconhecer o tamanho do seu mundo e força dos seus desejos.
    É dia de parir lembranças pra sarar as dores e os tapinhas no ombro.
       Hoje é segunda-feira onde tudo começa, onde a gira se abre, com as porteiras protegidas.
      É dia de olhar pra trás e redesenhar o futuro, sem medo e ódio do próprio espelho.
     É dia de expurgar o ranço branco e doentio que persiste nessa casa.
     Hoje é dia de segurar a mão das encruzilhadas e abraçar as arvores da confiança.
    É dia de firmar o elo, a rima perfeita, o segredo meia, o sagrado sete, pra ser escudo e ataque na dose certa.
      É dia de silêncio na retomada, olhar profundo na aldeia, e pés no chão do seu mundo.
Hoje é segunda-feira, dia de acreditar que a magia natural mora na raiz e não nas formulas, e que a pureza está nas águas e não no fermento.
E...
Que cada migalha de mofo oferecida sirva de veneno a quem ofereça.
Pois...
O caldeirão sem fundo tá fervendo e quero ver quem vai bailar nessa quentura.
             
                  


Um comentário:

Projeto Espremedor disse...

Salve mano, foda o texto.
Quebra tudo lá.

Abraço
Clayton Joao