Eles são assim: Fazem de
tudo pra que elas não descubram o segredo do horizonte. Eles tem medo. Sabem
que lá tem mel jorrando das pedras e não querem dividir essa com ninguém. Comem
até se empaturrar e ficar molenga. Isso fica só entre eles e quando elas cruzam
esse caminho, eles já ficam olhando de rabo de olho, cochichando, maquinando
como controlar os passos. Se quiser que comam na palma da mão deles. Vejam só!
É, eles são assim. Muitas
delas só conhecem o gosto do mel pela palma da mão deles. Muitas nem sabem que
podem pegar sem permissão. Outras acreditam nas pragas que eles jogam, de que
comer mel da própria mão dá uma baita caganeira que chega seca a bendita
atrevida. Sem contar aqueles que se acham donos do horizonte, como se aquilo
tivesse papel passado e escritura exclusiva, e ficam ameaçando quem chegar
perto das nascentes.
Apesar de que, esses ainda
dá pra encarar, mas tem muitos que escondem um chicote cheio de prego e tacam
na primeira que ameaçar seu trono, outros nem precisam ameaçar, já dão logo uma
lapada pra garantir o serviço.
Pode ver: eles só aceitam
por perto, e olha lá, as que se parecem com eles, e se não for nem chegue. Tem
que cuspir no chão e coçar por debaixo da barguia pra ter um mínimo de respeito
no meio deles, aí eles chama de Cafu, de Maria Mocassin, Geraldona e fingem
tratar como se fosse um quase-igual. Mas por trás chamam de Invertida. Na real,
odeiam que elas se gostem, odeiam quando elas se amam, a não ser se for pra ver
elas se beijando, enquanto eles se saciam achando que é exibição de filminho
pornô.
Eles são assim: não gostam
de ver o amor entre elas. Desconfio que não gostem nem do amor. E não me venha dizer que nem todos são assim, porque esses são farelo do pacote e se fingem de morto no seu cúmplice-conforto. Talvez eles tenham
medo de acabar se amando. Isso dá enjôo neles. Isso deixa eles violento. Porque
quando elas se amam, teimam em ficar com olho brilhante, quando elas se amam, aprendem
a decifrar os mapas do horizonte, o caminho das nascentes, quando elas se amam exalam
pelas ruas um perfume de mel.
Um comentário:
Michel com suas lindas palavras... suaves e delicadas... repletas de força.
(Dani)
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