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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Indicação de leitura: Parabola do Cágado Velho (Pepetela)

Titulo: Parabola do Cágado Velho
Genêro: Romance
Autor: Pepetela (Artur Mauricio Pestana dos Santos) 
Literatura Angolana
Editora Nova Fronteira, 2005



Havia lido deste mesmo autor duas obras "As Aventuras de Ngunga" e "Mayombe" em escritos que emergiram na pulsação da luta pela independencia em Angola, onde Pepetela militou pela MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola). Pepetela é daqueles autores que a gente fica instigado a ler mais e mais, e assim dei um salto e fui ao seu nono livro, publicado no contexto pós independencia (1º edição em 1997), sendo Pepetela um escritor reconhecido, uma obra que ao contrário das primeiras publicações, foi escrita em sete anos.

Parábola do Cágado Velho, nos remete, mesmo sem indicar registro cronológico, a um cenário rural durante a disputa pós independencia, entre o exercito "dos nossos" e "dos inimigos". Cenário em que Ulume vive um dilema, já que seus dois filhos (Kanda e Luzolo) foram militar por causas distintas, enquanto ele luta para manter a sobrevivencia nos kimbos (aldeias) devastados pelos guerrilheiros. 

Ulume representa a tradição, um homem maduro, que pratica a poligamia, resiste as influencias vindas da cidade (Calpe), que tanto atraem os mais jovens e se consulta desde criança com um cagado velho, animal que representa o saber e o tempo na mitologia angolana.

Munakazi, amor idealizado de Ulume, é a representação da modernidade. Ulume acredita que ela deve ser sua segunda esposa por conta de uma revelação. Munakazi confunde Ulume e sua primeira esposa Muari pelas ações que contradizem as tradições, sendo uma mulher que questiona valores, se mostra independente e desafiadora.

Essa estória de amor e luta pela sobrevivencia é ilustrada pela ótica camponesa em pleno vale Munda (sul de Angola), e pode ser relacionada aos tempos de conflito entre os exercitos do MPLA e Unita (União Nacional para Independencia Total de Angola) para constituir o governo pós independencia, época de muitas mortes e violações de direitos.

Parábola do Cágado Velho além do retrato entre tradição e modernidade, é um romance que demonstra o amor regendo a esperança na busca pela paz, onde nos lugares mais calmos e distantes também chegaram os estilhaços da guerra e dos novos tempos.

Pepetela

 Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos (Pepetela) nasce em Benguela, Angola, em 29 de outubro de 1941. Em 1958: Parte para Lisboa, onde ingressa no Instituto Superior Técnico (Engenharia) que freqüenta até 1960. Transfere-se para o curso de Letras. Neste mesmo ano acontece, em Luanda, a revolta que origina a Guerra Colonial. Em 1963, torna-se militante do MPL- Movimento Popular para a Libertação de Angola. - 1960/1970: Freqüenta a Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa, berço dos ideais de independência. Exilado na França e na Argélia, posteriormente gradua-se em Sociologia. - 1975: Independência de Angola. Nomeado Vice-Ministro da Educação no governo de Agostinho Neto. - 1997: Ganha o Prémio Camões pelo conjunto da sua obra. - 2002: Recebe a Ordem do Rio Branco, Brasil. - Actualmente é professor de Sociologia da Faculdade de Arquitetura de Luanda, onde vive.

Bibliografia:

Muana Puó - Romance escrito em 1969 e publicado em 1978.


Mayombe - Romance escrito entre 1970 e 1971 e publicado em 1980.

As Aventuras de Ngunga - Romance escrito e publicado em 1973.

A Corda - Peça teatral escrita em 1976.

A Revolta da Casa dos Ídolos - Peça teatral escrita em 1978 e publicada em 1979.

O Cão e os Calus - Romance escrito entre 1978 e 1982 e publicado em 1985.

Yaka - Romance escrito em 1983 e publicado em 1984 no Brasil e em 1985 em Portugal e em Angola.

Lueji, o Nascimento de um Império - Romance escrito entre 1985 e 1988 e publicado em 1989.

Luandando - Crônicas sobre a cidade de Luanda escritas e publicadas em 1990.

A Geração da Utopia - Romance que começou a ser escrito em 1972 e publicado em 1994.

A Gloriosa Família, o Tempo dos Flamingos - Romance publicado em 1997.

O Desejo de Kianda - Romance escrito em 1994 e publicado em 1995.

A Parábola do Cágado Velho - Romance. Começou a ser escrito em 1990 e foi publicado em 1997.

A Montanha da Água Lilás, fábula para todas as idades - Romance publicado em 2000.

Jaime Bunda, o agente secreto - Romance publicado em 2002.

domingo, 14 de novembro de 2010

Allan da Rosa, Michel Yakini, Luciane Ramos, Luana Antunes e Carlos Subuhana entrevistam escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa (15/11 - 10 horas - Casa das Àfricas - SP)

Essa entrevista marca o inicio de um projeto editorial em revista coordenado pelo poeta e educador Allan da Rosa que será divulgada e lançada em breve. Além disso, o próprio Allan da Rosa vai gravar um quadro do programa Entrelinhas (Tv Cultura) com Ungulani neste mesmo dia..
Amanhã estarei lá pra somar neste trabalho. 


Ungulani Ba Ka Khosa (nome Tsonga de Francisco Esau Cossa) nasceu ás 0:45 do dia 1 de Agosto de 1957, em Inhaminga, província de Sofala (Moçambique), filho de mãe sena e pai changana. Da infância pouco se recorda, andarilho que foi,pelas terras do interior, acompanhando a mãe, enfermeira. 0 pai, enfermeiro de profissão, cedo deixou o filho que ainda gatinhava e abalou para as terras do Sul, á procura de outras profissões mais rendosas. Ficou com a mãe, com as fotografias do pai, e com alguma solidão interior.

Frequenta o primário, trava amizades que se perderam com o tempo e em 1968, fim do primário, deixa a mãe para viver com o pai nas terras do Sul. Os avós, o pai, mãe (separada do pai) e todos os espíritos ancestrais reúnem-se em volta da frondosa árvore que se erguia a meio do terreiro defronte á casa dos avós e chamam-lhe Ungulani Ba Ka Khosa. 0 ritual estava cumprido...

A adolescência passa-a na provincia da Zambézia onde completa o secundário e inicia o nível médio. A mãe, em Sofala, morre três anos antes da independência. Em 1977 uma directriz presidencial encerra o pré-universitário e uma viagem grátis leva-o a Maputo. Frequenta um curso intensivo para professores do primeiro nível do secundário e é colocado no Niassa como professor, em 1978. Campos de reeducação, solidão, dias longos e tristes, frio, montanhas, aguardente de cana (fabrico caseiro), terras virgens e despovoadas. É o novo cenário. Pensa em ser escritor.

Lê para escrever. Dá aulas. Viaja pelo interior da província. E em 1980 regressa a Maputo e frequenta a Faculdade de Educação na área de História e Geografia para o ensino pré-universitário. Começa a escrever. Em 1982 publica o primeiro conto: Dirce, Minha Deusa, Nossa Deusa.


Autor de seis livros, Ulalapi (1987), Orgia dos Loucos (1990), Histórias de Amor e Espanto (1993), No Reino dos Abutres (2001), Os Sobreviventes da Noite (2005) e Choriro (2009), Ungulani também exerceu a função de diretor adjunto do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual de Moçambique, participando na elaboração de roteiros de guiões e jornais cinematográficos. Ao longo dos anos 1990 colaborou com crônicas para vários jornais africanos e co-fundou a revista literária Charrua.

Membro da Associação dos Escritores Moçambicanos, Ungulani é considerado um dos cem melhores autores africanos do século XX e recebeu prêmios como os Gazeta de Ficção Narrativa (1988), Nacional de Literatura (1991) e José Craveirinha (2007), além da Homenagem da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (2003).

sexta-feira, 12 de novembro de 2010