Essa entrevista marca o inicio de um projeto editorial em revista coordenado pelo poeta e educador Allan da Rosa que será divulgada e lançada em breve. Além disso, o próprio Allan da Rosa vai gravar um quadro do programa Entrelinhas (Tv Cultura) com Ungulani neste mesmo dia..
Amanhã estarei lá pra somar neste trabalho.
Ungulani Ba Ka Khosa (nome Tsonga de Francisco Esau Cossa) nasceu ás 0:45 do dia 1 de Agosto de 1957, em Inhaminga, província de Sofala (Moçambique), filho de mãe sena e pai changana. Da infância pouco se recorda, andarilho que foi,pelas terras do interior, acompanhando a mãe, enfermeira. 0 pai, enfermeiro de profissão, cedo deixou o filho que ainda gatinhava e abalou para as terras do Sul, á procura de outras profissões mais rendosas. Ficou com a mãe, com as fotografias do pai, e com alguma solidão interior.
Frequenta o primário, trava amizades que se perderam com o tempo e em 1968, fim do primário, deixa a mãe para viver com o pai nas terras do Sul. Os avós, o pai, mãe (separada do pai) e todos os espíritos ancestrais reúnem-se em volta da frondosa árvore que se erguia a meio do terreiro defronte á casa dos avós e chamam-lhe Ungulani Ba Ka Khosa. 0 ritual estava cumprido...
A adolescência passa-a na provincia da Zambézia onde completa o secundário e inicia o nível médio. A mãe, em Sofala, morre três anos antes da independência. Em 1977 uma directriz presidencial encerra o pré-universitário e uma viagem grátis leva-o a Maputo. Frequenta um curso intensivo para professores do primeiro nível do secundário e é colocado no Niassa como professor, em 1978. Campos de reeducação, solidão, dias longos e tristes, frio, montanhas, aguardente de cana (fabrico caseiro), terras virgens e despovoadas. É o novo cenário. Pensa em ser escritor.
Lê para escrever. Dá aulas. Viaja pelo interior da província. E em 1980 regressa a Maputo e frequenta a Faculdade de Educação na área de História e Geografia para o ensino pré-universitário. Começa a escrever. Em 1982 publica o primeiro conto: Dirce, Minha Deusa, Nossa Deusa.
Autor de seis livros, Ulalapi (1987), Orgia dos Loucos (1990), Histórias de Amor e Espanto (1993), No Reino dos Abutres (2001), Os Sobreviventes da Noite (2005) e Choriro (2009), Ungulani também exerceu a função de diretor adjunto do Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual de Moçambique, participando na elaboração de roteiros de guiões e jornais cinematográficos. Ao longo dos anos 1990 colaborou com crônicas para vários jornais africanos e co-fundou a revista literária Charrua.
Membro da Associação dos Escritores Moçambicanos, Ungulani é considerado um dos cem melhores autores africanos do século XX e recebeu prêmios como os Gazeta de Ficção Narrativa (1988), Nacional de Literatura (1991) e José Craveirinha (2007), além da Homenagem da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (2003).
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