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segunda-feira, 4 de maio de 2015

O chorume da maioridade penal - por Michel Yakini (Brasil de Fato)

Salve!

Essa história de escrever as crônicas começou aqui no blog do Elo da Corrente, e por conta de estar publicando no Jornal Brasil de Fato não voltei a cronicar por aqui, mas esse blog é literário e por isso vou postar aqui também, quinzenalmente como no jornal.

Clique no texto para visualizar melhor.





fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/31962

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Deu no Blog do Juca Kfouri

Livrinho precioso 

Juca Kfouri
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Recebi um livrinho com o título “Crônicas de um peladeiro”, de Michel Yakini.
Digo livrinho porque, de fato, em formato de livro de bolso, da Elo da Corrente Edições, cujo sítio você encontra no Google.
Inho no formato, enorme no conteúdo, com suas 152 páginas e 28 preciosas crônicas.
As quais recomendo vivamente.
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terça-feira, 18 de março de 2014

A Terra de um beijo só. (Por Michel Yakini)



            É uma sinuca de bico os vícios regionais que a gente tem. Quando vou ao RJ, DF, ou algum lugar do nordeste, ou mesmo, quando encontro essa gente na minha aldeia, me distraio no cumprimento e deixo escapulir o vácuo do beijo único no rosto delas.

            Elas adivinham da onde a gente vem, só pela forma de cumprimentar. Como não sou um estereótipo sulista (que carrega o mito da frieza) e apesar da cara de caboclinho retirante, normalmente elas me dizem: Você é de São Paulo, né?

            Fico envergonhado, peço desculpas, beijo atrasado, falo alto pra lembrar que é dois, mas o que mais me dói é saber que minha geração carrega o afeto dos três beijinhos e pelos ranços da vida esse costume sumiu e agora mora na rede fria e paulistana do beijo único. Fiquei pensando o quanto o costume de um beijo só pode ser determinante pra definir meu lugar, e cheguei na conclusão que essa é uma navalha afiada.

            Quando pequeno lembro que toda visita familiar era digna de dar e receber os três beijinhos, seja no rosto fofo da Tia Bete, no beijo-saudade da Tia Célia, que vinha do interior, e nas queridas primas e avós. Nas paquerinhas de escola, a gente conhecia as meninas sob o ritual dos três beijinhos. O cúmplice mais próximo dizia os respectivos nomes e o casal trocava esse carinho, mesmo sem consenso.

            Às vezes pairava um silêncio e cada um ia prum lado, em outras alguém puxava uma conversa fiada a contra gosto e nos dias de céu colorido os ficantes e futuros namorados brilhavam nas vielas ao redor. Assim foi na minha tremedeira com Anita, no namorinho com Samanta, quando fiquei com Bia (essa era linda, desacreditei...), na falta de papo com Andréia, no beijo-paralisia de Rosangela e na tabelinha redonda com a Cris. Ah, tempo bom...

              Aos poucos, a fonte dos três beijinhos foi secando... secando... e tudo ficou tipicamente paulistano: empedrado!

            Não sei se esse lance dos três beijinhos era uma cultura de quebrada, porque na época Pirituba era meu gueto e o centro de SP se chamava "cidade". Se tem haver com frieza, individualismo, tecnologia, ou, se não existe amor em SP, é difícil dizer.

            Ainda se beija muito por aqui, isso é fato, há carência e carícias se esbarrando aos montes pelas esquinas. Mas quanto será que nosso beijinho xoxo, pesa na intensidade dos amassos, e nas quenturas da paulicéia? Se carinho é troca e beijo bom é aquele dado e recebido, onde mora o tom do mono-beijo paulistano? 

            Que nem todo mundo é digno de receber a energia dos nossos beijos, concordo, mas toda vez que a maçã do meu rosto ganha ou dá um sopapo fantasiado de beijo, fico na nostalgia dos três beijinhos, volto pra paquera na porta da escola, pros abraços nas tias e primas queridas e me vejo mais duro, com a magia capenga e com a alma falhando, menos dança e mais desengano.

            Me sinto tão sem graça quanto esse beijo seco e de cara virada que agora reina nos cumprimentos da minha terra. 

www.michelyakini.com

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

É meu maior prazer vê-lo brilhar... (Crônicas de um peladeiro) Por Michel Yakini.



O Mengo é um time em que a formula do técnico ex-jogador tenha lá umas estórias de sucesso. A regra vale pro campeão do mundo Carpegiani, Luxemburgo (que não ganhou muitos títulos, mas teve boa passagem), Júnior (que fez mais sucesso com seu Black Power e com a redonda nos pés), Carlinhos (o Violino, tampão dos anos 90) e também em dois casos que carregam meu apreço: Andrade e o “noviço” Jayme de Almeida.

            A ausência de técnicos negros em times graúdos é escancarada e levada ao desprezo pela crônica esportiva, mas o Mengo não só aposta em resgatar ex-jogadores, como foi campeão com técnicos que condizem com a tradição do clube.

Nos tempos dos “matches” e do “football”, enquanto o pó de arroz comia solto nas Laranjeiras, o Mengo, depois do Vasco, apostou no talento da negrada e além de títulos, conquistou a massa dos morros cariocas e do Brasil.

Não é a toa que o apelido de mau gosto criado pela torcida rival, em alusão a massa negreira flamenguista, foi chamar a torcida do Fla de urubú, mas como bem ensinou o poeta Miró: “Urubú como carniça e voa”, e isso é mais um dos muitos apelidos que saiu pela culatra, e o tal virou símbolo do maior time do Brasil.

Por isso, nada mais coerente que um time que a torcida é reconhecida por ser majoritariamente negra, assim como sempre foi a maioria dos seus ídolos, tenha um técnico negro no comando.

Mas o que me intriga são os casos de Andrade (o que mais vezes ganhou o Brasileirão) e do atual treinador Jayme de Almeida, pois esses treinadores negros só apareceram pra cobrir buraco de medalhão demitido e o mais curioso: sem nenhuma expectativa inicial, foram campeões!

Jayme de Almeida parece ter reeditado a virada feita por Andrade em 2009, quando assumiu um time capenga e foi campeão com justiça, o problema é que bastou o time tropeçar na Libertadores do ano seguinte e todo trabalho de Andrade foi jogado pelo ralo, feito café frio. Andrade foi demitido e está no limbo, passou o segundo semestre de 2010 campeão e desempregado, agora nem sei por onde anda.

Jayme de Almeida carrega o mesmo peso. Consertou um time depreciado e largado por um ex-técnico de seleção, que como diria minha mãe “cuspiu no prato que comeu”, sendo prata da casa, tampão, campeão e como uma Libertadores pela frente.

Se essa equipe, em que o melhor jogador era um volante (que nem continua no elenco) e um artilheiro-brocador, até um dia desses motivo de chacota, vai vingar em 2014 é improvável. O time é limitado, Jaime tirou água de pedra, e por salvar o precipício de 2013 deve ser prestigiado vencendo a Libertadores ou não.

Que nenhum cartola sem noção tenha a pachorra de demiti-lo no primeiro semestre, pois o Flamengo deve reverência a Jayme de Almeida... um ex-jogador do clube, dedicado funcionário, que emancipou sua família negra pelo futebol, que salvou o rubro-negro de uma degola certa em 2013...  Repito: O Flamengo deve a Jayme de Almeida, no mínimo, reverência. 

A Libertadores 2014 começa aqui pro Mengão e que a injustiça feita com Andrade não se repita a Jayme de Almeida, fiquemos de olho!

www.michelyakini.com
              



terça-feira, 19 de novembro de 2013

Novembro: maré cheia! (Por Michel Yakini)



Há quem diga: Estamos aí o ano inteiro e o mundo só se lembra da gente em novembro. Tem mês que o telefone demora pra tocar e o e-mail chega fica árido, já em novembro tudo muda e eis que aparecem as flores da primavera.

Mas poderia ser diferente?


Em 1971, o poeta Oliveira Silveira e o Grupo Palmares de Porto Alegre, criaram o 20, pro 13 não ser nosso único dia visível, e isso não foi em vão. A diferença é que antes era tudo via cheque sem fundo da princesa, e agora rasgamos a página da mentira pra garantir um sobrenome palmarino.

Natural que novembro seja o mês da maré cheia pra quem se movimenta na cultura negra. A paliçada firmada nos anos 70 tem aberto os caminhos, é fato.

Vejo a batalha de quem ainda atura e bate de frente com o cancelamento do 20, em favor do racismo-mais-do-mesmo, como em Curitiba. Casos e mais casos: o genocídio nosso de cada dia, a leitura de privilégio em vez de reparação, a repetição enojada do “já que tem o dia da consciência negra, devia que ter o dia da consciência branca”... Santa Paciência... Além disso, nossa memória causa um incomodo quando é relembrada. Nossa memória é nosso segredo, nossa trama, nossa fortaleza e deixa inquieto quem só quer nosso fracasso.

Por isso, é importante valorizar cada germinação. Esse mês tenho trabalhado bastante, seja em oficinas, cursos, saraus, apresentações, encontros e debates. Às vezes ganhando justo, às vezes ganhando o que tem, também na parceragem e prestigiando outros cantos, frutificando.

Por conta de tantos dias na pista, não consegui manter a escrita em dia, o estudo aperta nesse finzinho de ano e ando mais trabalhando e estudando, do que escrevendo.

É bom! Assim as palavras vão pro descanso necessário, pra ser vista com mais calejo e menos paixão. Senão é um tal de escrever-publicar-escrever-publicar que soa estranho.

Seria bacana se a demanda do 20, fosse balanceada no restante do ano, pra gente poder realizar mais atividades, e não ser lembrado em um único mês.

Mas uma coisa de cada vez.

Esses dias mesmo... Conversei com uma professora e não encontrei um dia livre pra trocar uma ideia com seus alunos. Então sugeri: chama a gente antes, professora e deixa o novembro pra se alimentar do que a gente temperou mês a mês.

Minha mãe sempre ensinou: Feijão de molho além de dar mais caldo, fica fácil de cozinhar. Então quem quer preparar a roda da Consciência Negra, é bom não esperar o 1º de novembro chegar. Senão é mais difícil e menos fundamentado.

Mas seguimos: uma coisa de cada vez.

Aos novembros que são e aos que virão, pra que o dia se torne mês e o mês se torne ano e nossa consciência seja plena. Que venha!

Axé sempre!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Domingo (17/11) 2ª edição do Caldeirão do Negão (com Michel Yakini e Raquel Almeida)

CALDEIRÃO DO NEGÃO II

SEGUNDA EDIÇÃO DO EVENTO REUNIRÁ MULTIPLICIDADE DE LINGUAGENS ARTÍSTICAS RELACIONADAS AO UNIVERSO AFROBRASILEIRO


DA REDAÇÃO
NOVEMBRO/ 2013


O Caldeirão do Negão está de volta. Após 1.200 pessoas lotarem o evento em 2010, a segunda edição chega para ferver novamente a panela da Casa das Caldeiras, no dia 17 de novembro de 2013, das 15h às 20h, dentro das comemorações da Semana da Consciência Negra.

Organizado por livre iniciativa de empreendedores negros da cidade de São Paulo, esta nova edição do evento reúne diversas linguagens artísticas que se manifestam por intermédio de elementos como poesia, música, circo e dança, proporcionando ao público um verdadeiro mosaico de espetáculos que ressaltam a vitalidade e versatilidade do corpo negro no campo das artes.

“A ideia central desta atividade é desmistificar o conceito de apresentação artística que tem o palco como plataforma única de performances, e também expandir a atual concentração de manifestações artísticas relacionadas ao corpo negro para outras áreas. Adotamos uma dinâmica de intervenções que dialogam com o conceito de cabaré, dessa maneira, o evento contará com diversas e pequenas esquetes que ocorrerão em diversos pontos da Casa das Caldeiras. Além disso, serão contemplados segmentos como o circo, sapateado, entre outras manifestações pouco relacionadas a cultura negra mas que, igualmente a música e a dança, por exemplo, também são áreas de atuação com destacada presença afro-brasileira”, afirmam os organizadores do Caldeirão.

A primeira atração do evento é a mesa de discussão e reflexãoParâmetros de Legitimação da Moda Afro-brasileira, que reuniráo estilista Jaergeton Corrêa (Ateliê Hagadime), o músico e blogueiro Jun Alcântara (ubora.wordpress.com) e um representante de uma agência de modelos negros da capital. Entre outros assuntos, serão abordados temas como a roupa afro para além das passarelas, a performance no cotidiano urbano, intervenção em ambientes corporativos, sua representação na mídia televisiva, além de alguns assuntos polêmicos levantados durante o I Seminário – Moda, Estética Negra e Economia Criativa, realizado no último mês de outubro, em Belo Horizonte. A mediação da conversa será do jornalista Nabor Jr.

O Caldeirão do Negão terá a apresentação da jornalista Chris Gomes e, para além das performances artísticas, reunirá exposição e venda de produtos ligados à cultura negra, como obras de arte, acessórios e confecções. As especiarias gastronômicas ficarão por conta do chef Pakuera, presidente da Comunidade Samba da Vela.



PROGRAMAÇÃO ESPAÇO PRINCIPAL

15H: INÍCIO
15H - 20H: DISCOTECAGEM DJ VIVIAN MARQUES
15H30 - 16H30:PARÂMETROS DE LEGITIMAÇÃO DA MODA AFROBRASILEIRA
16H45 – 17H: ESQUETE DANÇA AFRO DÉBORA MARÇAL
17H10 - 17H30: ESQUETE POESIA MÁRCIO BARBOSA E FÁBIO BOCA
17H40 – 18H10: ESQUETE MUSICAL DENA HILL E ZUMBLACK
18H20 – 18H40: ESQUETE CIRCENSE TRUPE LIUDS
18H50 - 19H: ESQUETES DANÇA DE SALÃO ROGERINHO E THAIS BLACK
19H10 – 19H20: ESQUETE BREAK AFROBREAK
19H30 – 19H40: ESQUETE SAPATEADO
19H50 – 20H: ESQUETE POESIA RAQUEL ALMEIDA E MICHEL YAKINI
20H10: SHOW SAMBA DELAS

PROGRAMAÇÃO CASA DAS MÁQUINAS

15H – 19H: DISCOTECAGEM FESTA SEX BLACK
19H – 19H30: POCKET SHOW AVANTE O COLETIVO

domingo, 10 de novembro de 2013

Segunda-Feira tem Sarau do Binho no Clariô, com lançamento de "Acorde um verso" de Michel Yakini

11/11/13 - 2aF - 21H (LIVRE):


Amanhã, 11/11, tem mais uma edição do Sarau do Binho no Espaço Clariô, como parte da V Mostra de Teatro do Gueto.


Trazendo cenas do espetáculo:
CARNE SECA NÃO DA SOPA” (CIA BASALTO)
 RELEASE: De uma imagem surgiu o improviso, e do improviso uma ques- tão : O ser humano é de fato racional, quando o assunto é a fome? Até onde somos capazes de ir, para poder sobreviver? "Carne Seca não dá Sopa" trata-se da seca sertaneja, que atinge nosso país, e narra uma história que nos faz refle- tir sobre qual é o real conceito de Humano.
FICHA TÉCNICA: Texto: Dramaturgia coletiva / Direção: Renato Al- meida / Elenco: Jean Santana, Adriana Miranda, Thaise Reis e Leninha Basi/ Composição Musical: Jean Santana/Contra-regra: Gilvan Olimpio. 
DURAÇÃO : 20 min.

O Sarau segue com o lançamento do livro de MICHEL YAKINI: “ACORDE UM VERSO"


e o som bom da BANDA NEGOVÉIO:

“A Banda Nego Veio surge do grande caldo cultural da zona sul de São Paulo. Para fazer jus ao nome, a BANDA vem com uma gama de músicos competentes oriundos de varias vertentes da musica como Rap, Soul, Reegae, entre outros mas, tudo absolutamente bem costurada pela musica brasileira. É uma banda base onde serve de plataforma para varias m ́cs do Projeto Mulheres Periféricas Cantam, desenvolvido em forma de CD pela União Popular de Mulheres em 2009 com parceria com o Projeto Vai da Secretaria Municipal de São Paulo.” 
FICHA: BATERIAMÁRIO BIBIANO - CONTRABAIXO : CLAUDIO OLIVEIRA - GUITARRA: PETER ROJAS - TECLADO: ESTEVÃO SILVA-PERCUSSÃO: IBERLON CRUZ CANTORAS: NEGRA SANDRA - CECÍLIA NASCIMENTO - DRICA RIZZO - FERNANDA COIMBRA.

ESPAÇO CLARIÔ:
Rua Santa Luzia- 96 - Vila Santa Luzia - Taboão da Serra - SP
(Ref.: Pé do Morro do Cristo | Próx. Hospital Family)

Saiba como chegar:

11 4701 8401 / 119621 6892
email: grupoclario@uol.com.br

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Inscrições abertas para Oficina de Empreendedorismo Cultural Jovem (c/Michel Yakini e Raquel Almeida)

FÁBRICAS DE CULTURA - VILA NOVA CACHOEIRINHA

Trilhas de Produção

Empreendedorismo Cultural Jovem


Inscrições abertas!
Curso é voltado para jovens interessados em desenvolver projetos artísticos ou socioculturais, individuais e coletivos. Para inscrição e informações procure a recepção da Fábrica.

06/11 a 05/12/2013 – 10 encontros – quarta e quinta-feira.
Exceto: 14/11 e 20/11 (aula reposição: 12/11 e 19/11 – terça-feira).
com Michel Yakini (Coletivo Elo da Corrente) e Raquel Almeida (Coletivo Elo da Corrente e Esperança Garcia)
Rua Franklin do Amaral, 1575 - São Paulo - SP

Telefone:
(11) 2233-9270 


http://www.fabricasdecultura.org.br

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Amanhã estarei na Fábrica de Cultura do Jaçanã (depois Cachoeirinha, Capão e Jd. São Luis)

JAÇANÃ

Biblioteca

Novembro – Dia 05 – Terça – 10h e 14h – Biblioteca

Oficina: “Com cheiros de palavras”


Com Michel Yakin
20 vagas

Na trança entre as palavras e os elementos naturais (água, folhas, pedras, sons, etc.) visitaremos a imaginação, a criatividade e a memória. A leitura de alguns mitos africanos e poemas afro-brasileiros durante o encontro serão um convite à criação poética e a reflexão sobre o tema.

Michel Yakin é escritor, poeta e arte-educador. Autor de "Acorde um verso" (poesia, 2012) e idealizador do Coletivo Sarau Elo da Corrente, do bairro de Pirituba em SP.

Próximas atividades:

Novembro – Dia 06 – Quarta – 10h e 14h – Biblioteca
Vila Nova Cachoeirinha
Novembro – Dia 07 – Quinta – 10h e 14h – Biblioteca
Capão Redondo
Novembro – Dia 08 – Sexta – 10h e 14h – Biblioteca
Jardim São Luis

Mais informações em:

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Bala Sortida (por Michel Yakini) - 5ª FESTA DOS IBÊJIS - Fotos: Sonia Bischain.



Domingo foi um daqueles! Acordei de manhãzinha, fui escovar os dentes e quando apertei a pasta, não é que saiu bola de goma? Fui lavar o rosto e da torneira escorreu suco de melancia. Pensei: Hoje é meu dia!
Troquei de roupa e fui pro quintal. O Sol tava lá, brilhoso que só. Subi na lage e dei uma mordida nele, tinha sabor de geléia. No corredor tinha pé de pirulito, vaso florido de pipoca, muda de bala sortida. O Sol ficou meio sem jeito e se escondeu atrás do algodão doce.
A Menina do Laço de Fita que tava com a Eunice, viu e deu aquele suspiro, foi um “ai... ai...” tão sonoro que despertou um bando de livros, que vieram voando, espalhando cores e pousaram nas mãos das crianças que passavam na rua. Uns passarinhos ficaram com preguiça e fizeram ninho no Carrinho de Mãoteca do meu amigo Digo-Livro.
Aí já virou festa! Fui até portão e vi a mulecada jogando Capoeira, cada cantiga bonita do Axé-Corisco, eu logo encostei pra bater palmas com eles. A Joana da Roça veio de mão dada com a Baobá, enquanto o Carteiro disse que hoje só entregaria Poesia.
Surgiu um apito de longe. Daqueles de trem, sabe? Era o Versulindo avisando: Olha o trem! Olha o trem! Quem vai? Veio gente de todo canto, criança de 1 e de 90, pra embarcar no nosso vagão de fantasia.
Toda vez que alguém se lembrava de uma música, o DJ Edimilson corria pra botar som na caixa e fazer o bairro inteiro cantar. A Carolzinha descobriu uma mina de tinta na calçada, cochichou pro Perê, chamaram outros amiguinhos e ficaram lá pintando o sete. Teve gente que de tanto pintar esqueceu a mão pendurada no muro do vizinho, tá lá até agora, o dono nem veio buscar.
A hora voou, quando percebi já era Terça-Afro, mas a gente nem ligou, brincamos de Caça e Caçador, batemos tambor, cantamos o Jacaré-Poio e no final ganhava quem pegasse um pé de moleque.
Toda essa brincadeira meu deu fome. Sorte que tinha bolo e refri pra todo mundo ficar sorridente. Quando terminei de comer percebi que o céu tava virando chocolate e era hora de ir pra casa, aproveitei e foi embora petecando a Lua.
Ainda bem que a Soninha tirou bastante foto, assim a gente não vai esquecer tão cedo o sabor que essa festa deixou na boca da gente. Além do mais, vai que alguém pense que eu tô mentindo, né?