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domingo, 12 de agosto de 2007

SANGUE NEGRO por Raquel Almeida

Meu sangue é negro doutor, é negro!
Negro nada, você é parda!
Que parda doutor, que parda
Isso não é cor, isso é vergonha, isso é farsa.
Que farsa menina doida!
Isto é um questionário mundial
Você é parda e ponto final.
Doutor, você esta escondendo minha origem,
Ser negro não é ser delinqüente
Não quer que sangue negro corra na veia dos seus pacientes?
Negra sim, com orgulho!
Sem vergonha, sem medo,
Meu sangue será doado
Não terá voz o seu preconceito.
Já que você insiste colocarei você como negra
Embora eu não tenha certeza.
Sinto muito doutor, sua teoria pra mim não cola,
Esse codinome parda, não me enrola.
Você acha que eu sou suja?
Moça, claro que não!
Então deixe eu demonstrar meu orgulho, sem ser parda
Porque isso sim é uma palhaçada.
Minha cor é negra, não sou da sua raça
Não me interessa querer embranquecer
Vou cantar minha origem o que me importa é sobreviver.
Sobreviver dia a dia com orgulho e convicção
Sobreviver ao preconceito mostrando que minha raiz esta no coração.
E isso vai muito além da sua tese, e da cor
Pra seu espanto, sou negra e meu sangue é negro doutor.




*Este poema fiz devido um dia ir doar sangue no hospital das clínicas.Lá estão questionando a cor do paciente.
Ao dizer, SOU NEGRA, causou indignação na enfermeira que tentou de todos os meios me convencer de que eu sou parda, e que ficou mais indignada ainda quando eu disse o significado da palavra e o que isso retrata pra mim, ela chamou a sua chefe pra saber se podia colocar minha cor como negra na tal pesquisa, a outra enfermeira autorizou , só que não foi o suficiente pra mulher que estava fazendo a triagem comigo concordar.

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