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sexta-feira, 30 de maio de 2008

SARAU NA ESCOLA ZENAIDE


Hoje foi mais um dia de batalha. Missão do dia: Sarau na escola Zenaide Vilalva de Araujo, onde estudei meu colegial e onde a Raquel estuda atualmente.

Realizamos um recital para uma sala do 3° ano do ensino médio. Reunimos boa parte dos poetas do nosso sarau: Raquel, Eu, Thiago, João do Nascimento, José Corrêa, Claudio Santista, Paulinho, Soninha e Claudenir.

O evento foi na biblioteca, que como nós sempre desejamos, foi frequentada de fato pelos estudantes da escola, a maioria rostos conhecidos, tava tudo em casa.

Recitamos poesias de cordel, Solano , Sergio Vaz, Drummond, Renan Inquerito, Du Gueto Shabazz e poemas de nossa própria autoria. Lemos alguns textos juntos com os estudantes, que se sentiram acanhados de participar da roda de poesias, mas prometeram encarar na próxima visita.

Doamos algumas publicações para biblioteca , todos ganharam um folheto do poeta João do Nascimento, uma Agenda Cultural da Periferia e ainda sorteamos algumas revistas GRAP.

É prazeroso realizar um sarau na escola onde estudei por muitos anos, sem nunca ler um livro sequer nesse periodo. Me lembro que tive apenas uma professora de literatura. Certa vez, ela pediu para que eu lesse o Livro "Brás Bexiga e Barra Funda" de Alcântara Machado, não me interessei, mas depois, já habituado a leitura, fora da escola, li os contos do livro e gostei muito, vai entender...

Aliás depois entendi. Minha professora não fez eu sentir curiosidade de ler a parada, simplesmente disse:
"Escolham um livro dessa lista ai e leiam pra fazer um trabalho, vai valer nota!"

Espero ter contribuido pro contrário hoje, mas só de ver os estudantes sorrindo ao ouvir uma poesia engraçada e se emocionando ao sentir a seriedade de outras, já valeu o dia, já desmistificou o fantasma que se cria ao falar de poesia pros nossos jovens.

A mensagem mais presente durante o evento, mesmo indiretamente foi um velho ensinamento que, se não me engano, foi escrito por Carlos Drummond de Andrade: "Leia primeiro os escritores da sua rua, depois os do seu bairro, depois os da sua cidade e assim consequentemente, para compreender melhor todas as literaturas".
(Quem souber a fonte real dessa citação me diga por favor, sei que li e não me lembro mais de quem é).


Dia 13 de junho estaremos de volta na emsma escola, mas dessa vez na companhia do companheiro Akins KInte.

Firmeza Total!

Michel

Claudeni e Santista entre nossos mestres

Ação


Soninha e José Corrêa

Elo da Corrente


Claudio Santista

2 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente a cultura saiu como um todo da educação básica. Não basta dizer que virou questão de nota: não virou nada. Vivemos em uma sociedade absolutamente lobotomizada, e a nossa cultura é a da lobotomia. Peguemos o exemplo das aulas de Filosofia e Sociologia, agora universais: a maioria das críticas atacam precisamente uma suposta perspectiva socialista na qual os professores seriam formados, o que por si só bastaria para a retirada dessas disciplinas e o retorno de OSPB. Diante dessa opinião (propagada pela mídia), como pensar a possibilidade de uma percepção positiva das criações culturais, se pretendemos, sempre, exercer a prática da censura e classificar as obras não por sua arte, mas pela ideologia do artista? Como ler João Cabral na escola, se a mídia, logo de cara, denuncia-o como comunista? Como ler Neruda, se os próprios críticos literários o desqualificam, pelos louvores que tecia à URSS?

Ótimo saber que essas oficinas estão rolando, mas uma pena saber, também, que o movimento de nossa cultura brasileira age no sentido inverso: ou seja, ensinar arte não é cultura, mas contracultura. Maravilhoso fazer bruxaria em tempos de Inquisição!

Leonardo, Pirituba

Anônimo disse...

Só falta daqui a pouco termos de ler os poetas republicanos para ensinar valores morais aos alunos!