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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

SARAU ELO DA CORRENTE

Os culpados

Concentração

Sem moderação


bar ou biblioteca?


Seu João, faz chover no sertão

Mais um, Mais um...


Ah! Se tempo fosse mesmo eterno e não marcasse no ponteiro inglês o nosso precisoso prazer, se não fossemos escravos modernos e não sentissimos o cansaço da noite, lembrando do ônibus lotado do dia seguinte.

Poderia ser difierente! Duas horas e meia de sarau por semana seria pouco para expressar nossos sentimentos, para versar nossos amores, nossas alegrias e lamentos, ainda sim seria pouco para debater nossa realidade e convivio, com certeza seria...

Aliás não seria, já é!

Sim, ontem o sarau provou isso, duas horas por semana é pouco, a gente ta sedento de atividade, de atitude, de discussão, pois a palavra que surge agora é discussão. Essa que entre nossos semelhantes simboliza briga, agora ta sendo motivo de ressalva entre um verso e outro no bar do Santista, foi rajada pra todo lado, a poesia marcando o compasso, a revolta rompendo valores e a reflexão minando no ar, tô zureta até agora!

Quando o sarau acabou, o efeito foi tão intenso, que fiquei junto com a Raka caminhando por mais de uma hora sobre o bairro, noturno, silencioso, vigiado, reprimido. Olhando a paisagem que só se enxerga melhor na escuriidão. A avenida Mutinga, lugar do caos piritubano, além dos homens da lei, e da contradição, tinha uma vasta vista no palco do prédio demolido, tinha silêncio, tinha ar, grilos, momento raro, o sarau contagiou tudo ao redor, a rua era só poesia, era diferente da mesmice.

E a nossa musa então, entre nuvens ali brilhante, soberana, inspiradora, o céu era dela, soberana, irradiando confiança e deslumbramento. Você viu nossa musa ontem? Acho que se não fosse dia de sarau, minha cabeça não encontraria motivos para procura-la, meu corpo estaria travado e ranzinza, de cabeça baixa e cara amarrada, depois de um dia comum. Ainda bem que não!

Semana que vem tem mais, mais, mais

Vai chover no sertão, disse nosso cordelista, será dia de festa. Dia de "Córdeis e poesias para cantar" de João do Nascimento, dia de filme sobre o mestre Patativa, dia de sarau, de lua, de rua, de caminhada, de breve eternidade. Dia de tiro certeiro de cangaceiro, de zabumba, triangulo e sanfona, de brotar palavras da terra arida. Os motivos de uma intensidade, só quem vive intensamente entende.
Michel

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