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domingo, 11 de janeiro de 2009

Indicação do livro: "Preconceito Linguistico" de Marcos Bagno

Preconceito lingüístico: o que é, como se faz
(São Paulo, Loyola, 1999).

O livro, que já está na 50° edição, denuncia a existência de uma série de mitos que contribuem e enraizam um fenomeno denominado preconceito lingüístico vigorado na sociedade brasileira. Desmascarando um por um desses mitos, o autor mostra de que maneira a mídia e a multimídia, na contramão dos estudos científicos atuais sobre a linguagem, estão colaborando para perpetuar e aprofundar esse preconceito. Pois a grámatica é um padrão que não tem como base de formação a ligua dos falantes, ou seja, a linguagem viva e real, mas sim a forma idealizada e imposta de letramento em nosso país, que define o certo e o errado, o pior e o melhor, o culto e o leigo. A obra tem sido amplamente adotada em cursos de Letras, Educação e Comunicação de diversas universidades Brasil afora.

Sobre o autor:

Marcos Bagno nasceu em Cataguases (MG), mas sempre viveu fora de seu estado de origem. Depois de ter vivido em Salvador, no Rio de Janeiro, em Brasília e no Recife, transferiu-se em 1994 para a capital de São Paulo, onde viveu até 2002, quando se tornou professor do Departamento de Lingüística da Universidade de Brasília (UnB), onde atua na graduação e no programa de pós-graduação em Lingüística.

Minha opinião sobre a obra:

Acredito ser um livro crucial para todos que se interessam em matutar, enriquecer o argumento, as cutucadas de incomodação e conhecimento a respeito do preconceito linguistico, que assim como o preconceito de classe, raça e genêro, tem tido ações devastadoras entre os falantes da lingua portuguesa brasileira, principalmente os sertanejos, nordestinos e periféricos.

No livro, o autor sugere se rebatize a "norma-culta" de "norma-padrão", discute como os grámaticos que se armam com o argumento de uso da norma padrão, como referência para forma falada, exercem um facismo letrado, que desrespeita a diversidade e variações da nossa lingua. Demonstra vários exemplos de como a norma-padrão só aceita mudanças e variações quando essas acontecem a partir da iniciativa dos "ditos" intelectuais pomposos e encarpetados. A importância de combater esse preconceito nas escolas, incluindo propostas utilizadas recentemente no campo da Lingusitica. As influências jogadas pra escanteio, pelos grámaticos, da cultura africana na nossa fala e a veneração da jeito aportuguesado de tratar o português brasileiro, ou melhor a lingua brasileira (sim, temos uma linguagem própria!)

Desde o inicio do livro, o autor descreve que esse livro não é uma apresentação teórica sobre o tema, mas também uma iniciativa militante, uma postura politica em favor dos que ficam sempre nas beiradas no direito de poder dizer.

Vai aí uma dica, quem já leu e quiser deixar um comentário sobre a obra ou sobre o assunto, demorô, publicaremos as opiniões para que todos os leitores do blog possam ler e discutir.

Michel






5 comentários:

Anônimo disse...

Olá Michel!

Adorei estar lendo sobre um assunto tão atual e ao mesmo tempo necessária a divulgação sobre o preconceito linguístico, logo depois do debate em que vc participou na Semana Cultural da Cooperifa, eu comecei a ler o livro "A Língua de Eulália" que é de Marços Bagno, um livro que fala das variações linguísticas muito bom também, te recomendo e espero um dia discutir sobre esse assunto contigo pessoalmente.
(Mudando de assunto) Espero que sua esposa e o baby estejam bem!
Abraços!
De Lourdes

leogarin disse...

Indicação apoiada !
Ótimo livro. Melhor ainda é a discussão que propicia.
abração michel !
Leo

Anônimo disse...

salve! loka essas ideias ta ligado? até porque gosto de viajar em uns escritos, as vezes tento escrever algo, uns poeminhas, e sempre que faço uns textos vem carregado da lingua cotidiana que falamos nas comunidades. Não vou dizer giria nem muito menos dialeto, acreditando ferrenhamente que é a lingua cotidiana que me mantém vivo, informado, atualizado. É a forma de comunicação dessa gente nossa. Percebo as vezes algo que me incomoda, que alguns livros que publicam aqui das comunidades periféricas do brasil, sempre vem um glossário no fim explicando quer dizer uma palavra ou outra que a elite nao entede, e o que acho mais louco disso que todos os livros, como diz o companheiro Marcos Bagno, dessa forma norma-padrão, nunca vem explicando uma palavra ou outra que eles escrevem pra dificultar a leitura nos obrigando as vezes a ler com um dicionario ao lado, ou varias vezes perdendo o prazer pela leitura, acho que é outra idéia a se pensar certo? Bezerra da Silva incomodado acho com isso dizia ele no no video, ONDE A CORUJA DORME, da importancia da lingua dos morros comparando com o modo de falar dos escravizados quando se aquilombavam, e sabemos aquilombar é se libertar, eles falavam um lingua própria deles, para os senhores de engenho não compreenderem. Assim comparando com hoje em dia acreditando que eles os da Norma-Padrão conversam escrevem de uma forma que a gente nao compreende e assim o grande Bezerra da Silva também compondo os sambas e trocando umas ideias de uma forma que eles os da elite também nao entendam, assim ficamos todos no zero a zero. só pra apimentar um pouco mais... axé
akins kinte

Anônimo disse...

salve! loka essas ideias ta ligado? até porque gosto de viajar em uns escritos, as vezes tento escrever algo, uns poeminhas, e sempre que faço uns textos vem carregado da lingua cotidiana que falamos nas comunidades. Não vou dizer giria nem muito menos dialeto, acreditando ferrenhamente que é a lingua cotidiana que me mantém vivo, informado, atualizado. É a forma de comunicação dessa gente nossa. Percebo as vezes algo que me incomoda, que alguns livros que publicam aqui das comunidades periféricas do brasil, sempre vem um glossário no fim explicando quer dizer uma palavra ou outra que a elite nao entede, e o que acho mais louco disso que todos os livros, como diz o companheiro Marcos Bagno, dessa forma norma-padrão, nunca vem explicando uma palavra ou outra que eles escrevem pra dificultar a leitura nos obrigando as vezes a ler com um dicionario ao lado, ou varias vezes perdendo o prazer pela leitura, acho que é outra idéia a se pensar certo? Bezerra da Silva incomodado acho com isso dizia ele no no video, ONDE A CORUJA DORME, da importancia da lingua dos morros comparando com o modo de falar dos escravizados quando se aquilombavam, e sabemos aquilombar é se libertar, eles falavam um lingua própria deles, para os senhores de engenho não compreenderem. Assim comparando com hoje em dia acreditando que eles os da Norma-Padrão conversam escrevem de uma forma que a gente nao compreende e assim o grande Bezerra da Silva também compondo os sambas e trocando umas ideias de uma forma que eles os da elite também nao entendam, assim ficamos todos no zero a zero. só pra apimentar um pouco mais... axé
akins kinte

Kbça disse...

Salve, salve elo da corrente!!! Infelizmente ainda nao tive a oportunidade de ler este livro, mas com certeza, devido a tematica e a sugestao de todos aqui, vou ve se ponho ele na agulha. O que me chama atencao nesta discussao e me faz sair fortalecido dela e ver que a historia da resistencia dos brasileir@s marginalizados ainda continua, expresada nos quilombos e periferias da nossa lingua falada e escrita. Contra a imposicao nasceu e se perpetua a nossa identidade.
Se e assim que eles querem, que assim seja...
Abracao Michel
E nois...