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quarta-feira, 7 de julho de 2010

Coleção Aplauso - Imprensa Oficial (Dica de leitura)

Na ultima Bienal de Livros em SP fiquei por horas andando nos estandes e vendo as opções condizentes com meu gosto e meu bolso. O bom e barato nem sempre faz valer a regra, mas no caso dos livros essa máxima muitas vezes é verdadeira, graças aos sebos. Mas no estande da Imprensa Oficial encontrei vários titulos da Coleção Aplauso, que publica biografias e roteiros de personalidades do cinema e do teatro, sendo vendidos ao preço de um real e entre tantas biografias escolhi os livros que indico abaixo e uma biografia de Ruth de Souza que ainda não li.
O primeiro livro que indico é do cineasta Jeferson De intitulado: "Dogma feijoada - O Cinema Negro Brasileiro". Essa obra é apresentada pelo sociologo Noel dos Santos Carvalho, com uma pesquisa sobre a relação do negro com o cinema brasileiro, desde do cinema mudo aos dias atuais, e o texto introdutório de Emanoel Araújo do Museu Afro Brasil.
Jeferson De: "Dogma Feijoada - O Cinema Negro Brasileiro"
Imprensa Oficial, 2005
Cineasta Jeferson De


O livro conta ainda com os roteiros de três curtas metragens de Jeferson De: "Distraída para morte", "Carolina" e "Narciso Rap", além de uma proposta de direção para um curta intitulado "O Vampiro do Capão", um filme de terror que Jeferson explica ter feito por conta de um "acerto de contas" com o filme "A Dança dos Vampiros" de Roman Polansky. Desses só tive a oportunidade de assistir por duas vezes o curta "Carolina" que é uma ficção com base na na obra "Quarto de despejo" de Carolina Maria de Jesus. Nesse filme a escritora é vivida pela atriz Zezé Motta, que utiliza trechos do livro "Quarto de Despejo" como base no roteiro, já a trilha sonora tem a música "Negro Drama" dos Racionais Mc´s, que por sinal casou muito bem com o filme.
O livro inicia com um verso de Jeferson De que diz "só de raiva filmo com amor", que acredito ser uma alusão a introdução do livro "A Noite dos Cristais" de Luis Fulano de Tal, publicado anteriormente, em que o mesmo escreve: "Só de raiva escrevo com amor", esse trecho abre também o manifesto Dogma Feijoada, escrito pelo próprio Jeferson De, publicado em 2000, durante o festival internacional de curtas.
Jeferson De é uma cineasta brasileiro de grande destaque, foi o primeiro negro a se formar na na ECA -USP e atualmente finalizou o filme Bróder, seu primeiro longa, distribuido pela Columbia e pela Globo Filmes. Esse filme feito no bairro do Capão Redondo, ainda não assisti, mas sei que foi exibido no festival de Berlim e vem sendo grande objeto de discussão, de como, pra que e pra quem fazer cinema, entre os coletivos de cinema na periferia de SP, como foi na Mostra da Cooperifa ano passado.
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A outra obra é de autoria de Klecius Henrique que realizou um mestrado pesquisando a participação do nordestino no cinema brasileiro e nessa obra apresenta uma biografia com base nas entrevistas realizadas com o ator José Dumont, que participou de diversas novelas e de filmes como "O Homem que virou Suco", "Narradores de Javé", "Dois Filhos de Francisco" e Abril Despedaçado".

José Dumont: "Do Cordel as Telas de Cinema"
Autor: Klecius Henrique
Imprensa Oficial, 2005


Ator José Dumont

A biografia de Jose Dumont tem uma relação direta com a Literatura de Cordel, pois ele relata que aprendeu a ler nas idas pelas feiras, na Paraiba sua terra natal, com seu avô, e observava o cantadores cordelistas e depois foi comparando o som das palavras com a grafia até aprender a ler. Uma história que já ouvi também do poeta João do Nascimento e que deve ser comum a muitos nordestinos Brasil a fora.
No livro há relatos engraçados, como na explicação que o ator dá para a origem do seu sobrenome, em que seu pai era chamado Severino do monte, por apelido, e no exercito seu sobrenome ficou Dumont, porque quem fez o registro entendeu errado e escreveu da forma "afrancesada".
Há um trecho em que José Dumont, critica o rotulo de ator nordestino, pois apesar de reconhecer e valorizar suas origens e ter destaque com personagens vividos nesse cenário, teme que o rotulo seja colocado como depreciativo ou para desvalorizar sua profissão, determinando que ele só saiba fazer bem personagens desse tipo. O que ele afirma não ser verdade. Ainda há sua visão de como iniciou a se interessar pela dramaturgia, ainda na Paraiba, e sua chegada em São Paulo, contracenando com grandes atores brasileiros.
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Quem puder ler essas obras garanto que terá uma grande fonte de pesquisa e saber sobre o cinema no Brasil. Quem já leu e quiser deixar seu comentário aqui, fique a vontade. Quando ler a biografia de Ruth de Souza, volto a falar da coleção.
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Ah! E esse ano, mês de agosto, teremos Bienal novamente e quem sabe não dá pra adquirir alguns livros como esses em preços convidativos. Com certeza vou lá conferir. Até porque quem trabalha com ediçao de livros, ou tem alguma publicação não paga pra entrar na Bienal, taí a dica, vale conferir.
Até já!

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