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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Fundação CASA -Segunda feira

Segunda Feira estivemos (Michel Yakini, Raquel Almeida, Diogo Nakakoge, Heitor BBoy e Divino Silva) realizando uma apresentação poética-musical-circense em duas unidades da Fundação CASA. UI Bela Vista e UI Paulista, ambas na Vila Maria. O covite foi feito pela amiga e parceira Janaina Santana, que coordena o projeto Arte na CASA, da Ação Educativa, o mesmo que me desliguei no mês passado.

Infelizmente revi vários adolescentes que fizeram oficinas comigo, pois ainda não cumpriram toda medida da suas respectivas infrações, mas pude perceber o quanto de respeito e aprendizado que trocamos ao longo do tempo que estive por lá.

Por hora, pretendo realizar somente trabalhos pontuais na Fundação CASA quando surgir alguma oportunidade, o motivo principal é para recarregar as energias e também por questões profissionais, ou seja, a necessidade de alçar novos vôos.
Ainda fica meu desejo de um dia não haver necessidade de realizar oficinas, nem apresentações em espaços como esse, ainda mais nas condições de encontrar somente jovens das nossas quebradas por lá.
Por isso, como muitos parceiros e amigos, acredito e faço um esforço pra manter o chama do conhecimento viva nas ruas, em circulação, para que o debate sobre essas questões sejam pertinente entre nós. Vejo na arte um instrumento capaz de reencantamento e reesxistencia, que aponta nosso olhar em outros rumos e perspectivas.
Lembro-me bem do desafio de iniciar a primeira turma de Literatura, até então nunca praticada nos espaços da Fundação CASA. Muitas pessoas, de lá, desconfiaram, outras pediam para mudar o nome da oficina e devagarzinho, juntamente com os demais educadores da modalidade, conseguimos consolidar essa pratica e demonstrar que nunca nos faltou arte com a palavras, mas sim reconhecimento de estilo próprio e auto-valorização.


Esses dias encontrei com a amiga Ana Paula Risos e ele me disse que estava realizando oficinas em algumas unidades por onde eu passei, e ao afirmar que daria aulas de Literatura , alguns jovens perguntaram: Mas de qual literatura? Isso já me valeu todos os momentos semeados ali. ou mesmo quando recebo um telefonema de algum adolescente que já está fora da medida e se propõe a conhecer os saraus, as ações, me levar na casa dele e apresentar a sua familia. Isso é gratificante demais. Dá sentido pros caminhos.


Das dificuldades e das causas eu tenho ciência e por esses motivos surge muito mais decepçao, do que animo, por isso nem prefiro citar mais do mesmo por aqui, mas manter a brasa da mudança acesa é o que me aquece diariamente antes de cada passada.


Cabeça erguida.

Um comentário:

Mar Eu disse...

Michel
Lá nos primórdios da Teologia da Libertação, eu e mais alguns jovens, fomos convidados a dar aulas de Catequese na Igreja das Filipinas no Penteado. Imagine, eu dava aula de catequese.
Um belo dia a Madre Superiora me chamou e queria saber o que eu andava falando nas aulas porque uma mãe tinha reclamado que eu não falava de Deus e sim de política. Aí eu disse que apenas colocava Jesus no contexto daqueles jovens com quem eu falava. Dizia que Jesus era um cara que defendia e não tinha preconceitos contra as mulheres, os pobres, etc... A madre me falou então pra eu “maneirar nas aulas”. Era o tempo do “prendo e arrebento”.
Hoje ainda encontro alguns desses jovens no Penteado. Às vezes nem os reconheço, mas quando eles falam OI FESSORA ! eu já sei...Estão casados, levando suas vidas com dignidade, mas também sei que muitos ficaram pelo caminho...Dói pra caramba, mas se a gente consegue salvar uma vida que seja, daquele destino de violência que o sistema impõe, já ganhamos !
É isso...força sempre !