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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

GIOCONDA BELLI

Salve povo, licença pra anunciar coisa boa.

Depois de quase quatro anos de corres, conseguimos os direitos de publicação da antologia poética da Gioconda Belli no Brasil. O livro, "O olho da mulher" tá saindo em março, e vai ser lançado em São Paulo

Carolzinha Teixeira

O olho da mulher



— GIOCON D A B E L L I —

Tradução: Silvio Diogo

Revisão da tradução, notas e prólogo: Bethania Guerra de Lemos

Ilustrações: Carolina Tiemi Teixeira

Diamantina: Arte Desemboque Casa Editorial, 2012



O livro O olho da mulher, publicado originalmente em 1992, reúne a produção poética
de Gioconda Belli desde o início da década de 1970 até o ano de sua edição. A autora
poeta e romancista nascida em Manágua, capital da Nicarágua – participou da luta contra a ditadura de Somoza como integrante da Frente Sandinista de Libertação Nacional e viveu exilada no México, na Costa Rica e em Cuba. Atualmente divide residência entre Los Angeles (EUA) e Manágua.

Reconhecida e premiada internacionalmente, tem sua obra traduzida em inúmeras línguas. Sua poesia feminina, erótica, é uma visão amorosa e crítica do processo revolucionário na América Latina durante a segunda metade do século XX.

A edição do livro, pela Arte Desemboque Casa Editorial, de Diamantina (MG)( http://artedesemboque.wordpress.com ), será comercializada a um preço acessível: cada exemplar, com 135 poemas, ilustrações e apresentação – num total de 256 páginas sairá pelo valor de R$ 25,00.

A tradução do livro para o português foi realizada pelo poeta Silvio Diogo. A professora e pesquisadora Bethania Guerra de Lemos (Universidade Federal do Rio de Janeiro/Universidad Autónoma de Madrid), doutora em Literatura com uma tese sobre Gioconda Belli, ficou responsável pela revisão da tradução, notas e prólogo da edição.
Os poemas são acompanhados por ilustrações da artista plástica Carolina Tiemi Teixeira, de São Paulo.

Consideramos esta publicação de grande importância por variados motivos: a popularização da obra da escritora Gioconda Belli, tão reconhecidamente importante e
relativamente pouco lida entre nós; o fortalecimento dos laços entre as línguas portuguesa e hispano-americana; e o maior conhecimento da história cultural e política da Nicarágua e da América Latina durante a segunda metade do século 20.

Antes da edição de O olho da mulher, Allan da Rosa e Mateus Subverso, do grupo Edições Toró, de São Paulo, fizeram um programa de rádio sobre a poesia de Gioconda Belli, na série Nas ruas da literatura. Allan da Rosa também apresentou a autora em uma edição do Programa Entrelinhas, da TV Cultura; e, em junho de 2011, a obra de Gioconda Belli foi tematizada na série de Encontros “Alicerces da voz, cadências do verbo: escritoras de Brasil, América Latina e África”, na Biblioteca Temática de Poesia Alceu Amoroso Lima, em São Paulo (www.edicoestoro.net).

No Brasil, três de seus livros de prosa já foram publicados, dois pela editora Record – A mulher habitada (2000) e O país sob minha pele (2002) – e outro pelo selo Verus, também da Record – O país das mulheres (2011). Da obra poética, O olho da mulher será o primeiro editado no país. Estão previstos lançamentos nas cidades de Diamantina, Belo Horizonte e São Paulo, no mês de março de 2011.


Uma das ilustrações do livro
por Carolzinha Teixeira


ENTREGA-TE A MIM, POEMA (Gioconda Belli)


Entrega-te a mim, poema.
não me rejeites como o menino brincalhão
dos meus sonhos,
como o filho que existe
no ambiente interior de minhas entranhas,
embrulhado num pequeno óvulo
nas trompas de Falópio.
Entrega-te a mim sem passado obsessivo anatômico
ou erótico.
Entrega-te simples a mim,
entrega-te a mim vindo de fora,
vindo da pedra de um caminho
ou do silêncio de um elevador
que leva duas ou três pessoas desconhecidas,
caladas no silêncio embaraçoso
da indiferença.
Entrega-te a mim vindo da água,
vindo da neve inexistente dos trópicos,
entrega-te a mim vermelho ou azul,
confuso ou transparente,
mas faz girar a minha alma,
vira o meu olhar para outro lado,
faz-me ver os pés sujos do povo,
o grande estômago do povo.
não me deixes tranquila, poema:
assalta-me,
viola-me,
transborda-me as beiras,
as dobras, os seios
inunda-me de maravilhoso assombro,
preenche-me inteira com o sêmen vital da palavra,
com o milagre de uma descoberta,
entrega-te a mim, poema, entrega-te a mim.

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