Salve povo, licença pra anunciar coisa boa.
Depois de quase quatro anos de corres, conseguimos os direitos de publicação da antologia poética da Gioconda Belli no Brasil. O livro, "O olho da mulher" tá saindo em março, e vai ser lançado em São Paulo
Carolzinha Teixeira
O olho da mulher
— GIOCON D A B E L L I —
Tradução: Silvio Diogo
Revisão da tradução, notas e prólogo: Bethania Guerra de Lemos
Ilustrações: Carolina Tiemi Teixeira
Diamantina: Arte Desemboque Casa Editorial, 2012
O livro O olho da mulher, publicado originalmente em 1992, reúne a produção poética
de Gioconda Belli desde o início da década de 1970 até o ano de sua edição. A autora
poeta e romancista nascida em Manágua, capital da Nicarágua – participou da luta contra a ditadura de Somoza como integrante da Frente Sandinista de Libertação Nacional e viveu exilada no México, na Costa Rica e em Cuba. Atualmente divide residência entre Los Angeles (EUA) e Manágua.
Reconhecida e premiada internacionalmente, tem sua obra traduzida em inúmeras línguas. Sua poesia feminina, erótica, é uma visão amorosa e crítica do processo revolucionário na América Latina durante a segunda metade do século XX.
A edição do livro, pela Arte Desemboque Casa Editorial, de Diamantina (MG)( http://artedesemboque.wordpress.com ), será comercializada a um preço acessível: cada exemplar, com 135 poemas, ilustrações e apresentação – num total de 256 páginas sairá pelo valor de R$ 25,00.
A tradução do livro para o português foi realizada pelo poeta Silvio Diogo. A professora e pesquisadora Bethania Guerra de Lemos (Universidade Federal do Rio de Janeiro/Universidad Autónoma de Madrid), doutora em Literatura com uma tese sobre Gioconda Belli, ficou responsável pela revisão da tradução, notas e prólogo da edição.
Os poemas são acompanhados por ilustrações da artista plástica Carolina Tiemi Teixeira, de São Paulo.
Consideramos esta publicação de grande importância por variados motivos: a popularização da obra da escritora Gioconda Belli, tão reconhecidamente importante e
relativamente pouco lida entre nós; o fortalecimento dos laços entre as línguas portuguesa e hispano-americana; e o maior conhecimento da história cultural e política da Nicarágua e da América Latina durante a segunda metade do século 20.
Antes da edição de O olho da mulher, Allan da Rosa e Mateus Subverso, do grupo Edições Toró, de São Paulo, fizeram um programa de rádio sobre a poesia de Gioconda Belli, na série Nas ruas da literatura. Allan da Rosa também apresentou a autora em uma edição do Programa Entrelinhas, da TV Cultura; e, em junho de 2011, a obra de Gioconda Belli foi tematizada na série de Encontros “Alicerces da voz, cadências do verbo: escritoras de Brasil, América Latina e África”, na Biblioteca Temática de Poesia Alceu Amoroso Lima, em São Paulo (www.edicoestoro.net).
No Brasil, três de seus livros de prosa já foram publicados, dois pela editora Record – A mulher habitada (2000) e O país sob minha pele (2002) – e outro pelo selo Verus, também da Record – O país das mulheres (2011). Da obra poética, O olho da mulher será o primeiro editado no país. Estão previstos lançamentos nas cidades de Diamantina, Belo Horizonte e São Paulo, no mês de março de 2011.
Uma das ilustrações do livro
por Carolzinha Teixeira
ENTREGA-TE A MIM, POEMA (Gioconda Belli)
Entrega-te a mim, poema.
não me rejeites como o menino brincalhão
dos meus sonhos,
como o filho que existe
no ambiente interior de minhas entranhas,
embrulhado num pequeno óvulo
nas trompas de Falópio.
Entrega-te a mim sem passado obsessivo anatômico
ou erótico.
Entrega-te simples a mim,
entrega-te a mim vindo de fora,
vindo da pedra de um caminho
ou do silêncio de um elevador
que leva duas ou três pessoas desconhecidas,
caladas no silêncio embaraçoso
da indiferença.
Entrega-te a mim vindo da água,
vindo da neve inexistente dos trópicos,
entrega-te a mim vermelho ou azul,
confuso ou transparente,
mas faz girar a minha alma,
vira o meu olhar para outro lado,
faz-me ver os pés sujos do povo,
o grande estômago do povo.
não me deixes tranquila, poema:
assalta-me,
viola-me,
transborda-me as beiras,
as dobras, os seios
inunda-me de maravilhoso assombro,
preenche-me inteira com o sêmen vital da palavra,
com o milagre de uma descoberta,
entrega-te a mim, poema, entrega-te a mim.
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