Estou acompanhando alguns jogos da
primeira fase da Copa Africana de Nações, que acontece na África do Sul, até
agora, assisti: Gana x Congo, Etiópia x Zâmbia e Costa do Marfim x Togo.
A seleção de Gana é velha conhecida, com
seu craque: Ashamoah Gyan, figurinha carimbada das ultimas copas, mas dessa vez
não conta com Prince Boateng, do Milan, que pediu dispensa da seleção,
infelizmente.
Costa do Marfim talvez seja a seleção
mais completa da África, a maioria do time joga em equipes de expressão e tem
um toque de fino trato.
Togo depende do craque Adebayor, capitão,
maior nome, mas que já não tem fôlego pra carregar o time nas costas.
O restante é novidade. A gente pouco sabe
sobre o futebol africano, tirando os jogadores que atuam na Europa, as seleções
que disputam as Copas e algum Mazembe no caminho (pesadelo colorado!), o
conhecimento é mínimo. A mídia brasileira cobre mal o campeonato continental, e
malemá mostra os gols. Os confrontos são equilibrados e a maioria dos jogos são
decididos no fim, adrenalina a mil.
A originalidade é uma marca do campeonato,
seja pelas danças na hora de comemorar (ato sagrado nos gols), pelos cabelos
trançados de vários estilos e pela torcida que é um espetáculo de cores e
empolgação. É difícil saber quem está perdendo ou ganhando, pois o mau humor
não faz parte das arquibancadas. Um capítulo a parte.
Alguns jogadores chamam mais a atenção
pelas manias, como o goleiro Muteba Kidiaba, do Congo, famoso por seus pulinhos
sentado nas comemorações (pesadelo colorado!) e pelos nomes: como meia Mulenga,
de Zâmbia, e os marfinenses: Maestro e Bamba. Seria interessante vê-los jogar no
Brasileirão com esses nomes-adjetivos.
Apesar do nível técnico com surtos de
amadorismo, consegui assistir com mais entusiasmo do que as partidas
disciplinadas e robustas do futebol alemão e inglês, essas não consigo ver mais
que 15 minutos.
Os jogadores africanos são fortes, por
natureza e não por injeções, mas tem ousadia, gingado no corpo, mesclam
velocidade e habilidade sem serem mecânicos, e lembram muito o nosso futebol,
ou será que nosso futebol lembra muito o estilo africano?
Me recordou a Copa América, em tempos remotos:
jogadores mais soltos, errando, acertando, atacando, arriscando, sem as
retrancas bombadas da terra do gelo. Kidiaba, por exemplo, carrega um misto de
goleiros antológicos, como: René Higuita (Colômbia), Jorge Campos (México),
Carlos Montoya (Boca Juniors) e Luis Chilavert (Paraguai).
O jogo-duro também é parecido, envolve
vontade de vencer, raça, até sangue, pois o futebol sul-americano, assim como é
o africano, é mais emoção e vontade, mas agora que todos os países importam
craques e pernas-de-pau pra Europa, tudo tem ficado mais comportado,
burocrático e chato.
Tomara que a Copa Africana, não se torne
uma filial do padrão europeu, e continue na contra mão do espetáculo gelado,
programado e insosso que tem se tornado o futebol no resto do mundo.
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