SARAU ELO DA CORRENTE - 9 ANOS
10/03/2016 - QUINTA -FEIRA
20:30H
BAR DO SANTISTA
RUA JURUBIM - 788-A - PIRITUBA
LANÇAMENTO: GRAMÁTICA DA IRA - NELSON MACA
Gramática da Ira
havia lama na ruae de quando em quando um corpo cadáver encalhado na vala
o espetáculo que a história nos oferece
restos e gestos do sim
alimentos recicláveis
bonecas sem pernas carros sem rodas
arqueólogo das sobras
a miséria
o não
pretinho maltrapilho
com as manchas sujas da vida
sem saber nem bem por que
nas suturas das fraturas
cresci
eu na pilha
você na mira
não vê o que foi feito de mim
pena sangrenta Gramática da Ira
meu rabisco mortal vai foder sua lira.
Nelson Maca - Poeta e
professor universitário, tem 50 anos e nasceu no Paraná, mas mora
em Salvador desde 1989. Ensina no curso de Letras da Universidade
Católica de Salvador desde 1995. É articulador do Coletivo
Blackitude: Vozes Negras da Bahia,
que realiza ações artísticas e de formação sócio-racial através
das linguagens da cultura
hip hop e afins há 16 anos. É responsável pelo Sarau Bem Black,
realizado há seis anos e meio. Há mais de 30 anos promove e
participa de eventos da
Negritude
- seminários, workshops, cursos, shows, literatura e hip hop - na
Bahia e no Brasil, tendo estabelecido parcerias com a Fundação
Palmares, Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), Só Balanço
Produções (BSB), Griô Produções (BSB), Balada Literária (SP),
Cooperifa (SP), Nossa Conduta (RJ), APAFunk (RJ), Poesia
Maloqueirista (SP), entre outros. Juntamente com o escritor paulista
Berimba de Jesus, realiza o Encontro de Literatura Divergente (São
Paulo, 2012-13-14). Nelson Maca participou das coletâneas literárias
Suburbano Convicto I (SP), Pode Pá
Que É Nóis Que Tá (SP), Sarau do Binho (SP) e Poesia Favela (RJ).
Organizou os livros Tarja Preta, de Zinho Trindade (Edições
Maloqueirista), e A Rima Denuncia, do rapper brasiliense GOG (Global)
e escreveu a orelha do livro Colecionador de Pedras do escritor
paulista Sérgio Vaz, da Cooperifa
(Global).
Sobre o livro:
Malcolm
X, Stuart Hall, Ralph Ellison, Lima Barreto, Luís Gama, Abdias do
Nascimento... Estes e outros pensadores da negritude
permeiam a Gramática da Ira,
primeiro livro do poeta, professor e militante Nelson Maca, que reúne
um conjunto de poemas que dialogam com esta tradição literária
e atualizam o debate sobre o conflito racial brasileiro.
Escrito ao longo de uma década, o livro foi lançado pelo
independente Blackitude, no dia 10 de março, às XXX h, no Sarau Elo
da Corrente, Bar do Santista, em Pirituba.
Com
prefácio assinado pelo escritor e ativista cubano Carlos Moore, a
Gramática da Ira traz
56 poemas, que, segundo Maca, de maneira geral procuram refletir seu
trajeto desde a inocência e alienação até a tomada de consciência
e respectivo posicionamento com relação às questões raciais.
Textos como Calma Rapaz, Moleke de Engenho, Instinto de Negridade e
Malcolm Disse, alguns deles já bem conhecidos, principalmente pelos
frequentadores do Sarau Bem Black, recital poético-musical
idealizado e coordenado pelo autor há seis anos e meio.
A
partir da idéia
central de como o racismo se estrutura na nossa sociedade e interfere
na subjetividade negra, Maca vai traçando sua teia poética.
“Procuro inserir a minha voz, ou seja, a voz de meu poema, no
grande debate em torno da negritude,
principalmente em seus desdobramentos do século XX”, afirma. Um
dos mecanismos que utiliza para isso são as muitas citações,
dentro e fora dos poemas. “O que busco é um diálogo, de forma que
meus poemas sejam apenas uma das vozes no conjunto das reflexões que
o livro traz”, completa.
Cada uma
das nove partes do livro é aberta com uma referência direta a um
desses pensadores, estabelecendo o eixo temático daquele bloco de
poemas. Por exemplo, o capítulo Matança – com textos sobre
religiosidade - traz a citação da Ialorixá
Mãe Stella de Oxóssi: “A verdadeira guerra santa é aquela que
destrói o que precisa ser destruído, a fim de construir o que
precisa ser construído”. Mas as falas e citações também
estão diluídas dentro dos poemas, o que, reflete Maca, pode levar
alguns a acusá-lo de plágio. “Isso variará de acordo com cada
leitor e sua visão estética e filosófica da poesia”,
diz Maca, que trata desta questão diretamente no último texto do
livro, o Manual do Usuário da Gramática da Ira –
que por sua vez é uma “reescritura interessada” do Manual do
Guerrilheiro Urbano, de Carlos Marighella.
Adepto
do conceito e estudioso da Literatura
Negra, Nelson Maca diz que procura sempre imprimir negritude em seus
poemas: na temática, na escolha do vocabulário e no ritmo. “Me
interessa profundamente até aonde vai e como se dá o diálogo entre
ética e estética na poética da negritude,
na escrita literária e em sua reflexão crítica”, diz.. O
livro Gramática da Ira,
que tem projeto gráfico do designer Welon Santos, o Penga, é
o primeiro do selo Blackitude. Além da venda
no dia do lançamento (R$ 30,00), o trabalho pode ser adquirido pela
internet, através do email gramaticadaira@gmail.com
, com entrega via correios.
FICHA
Livro: Gramática da IraAutor: Nelson Maca
Selo Blackitude
Lançamento: Dia 10 março, 20:30h, no Sarau Elo da Corrente, Bar do Santista, Pirituba
Quanto: R$ 30,00 (173 páginas)
Contatos: Ana Cristina Pereira
(71-9176-5755)
Nelson
Maca (71-3326-4620 e 9274-3396)
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