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sexta-feira, 30 de maio de 2008

NEM TUDO É MOTIVO PRA COMEMORAR...

Esses dias li no blog do Ciriaco e hoje no blog dos poetas maloqueiros eno blog literatura periferica (Buzo), comunicando e lamentando o falecimento de Austregésilo Carrano Bueno, autor do livro "Canto dos Malditos", que foi base para o filme "Bicho de sete cabeças".

Nesses momentos, fiquei lembrando do livro desse mano. Loco, porque nessa época eu morava em Curitiba, cidade natal do Carrano, onde ele começou sua saga dentro do terror manicomial e começa a narrar sua história.

Sua descrição de pânico, momentos antes de saber que vai entrar no tratamento de choque e de quando se dá conta dos efeitos é de emocionar, parece que você tá vendo o barato amarrado em outra cadeira, sem poder ajudar.
Depois no pósfacio, da edição que eu li, ele conta um pouco sobre a sua luta, pedindo indenização ao estado, denuciando o psiquiatra, que era Senador do Paraná na época, e assinava em baixo o tratamento de choque sofrido por ele e por outros milhares no manicômio.
Sem contar que a familia do tal psiquiatra, depois que ele faleceu, conseguiu legitimar um pedido de censura do livro do Carrano, impedindo do livro ser vendido.

Encontrei esse livro na biblioteca pública de Curitiba. Indico essa leitura pra Raka direto, sei que ela vai gostar e precisa conhecer essa real.

Me lembro que também foi marcante a primeira vez que fui pro centro de Curitiba, de bike, e passei em frente da escola que o Carrano estudava (Colégio Estadual do Paraná), fiquei uma cara olhando pra aquela escola e depois, por curiosidade, entrei lá dentro pra me sentir nos primeiros capitulos do livro.

Trombei o Carrano em São Paulo, em outras mãos, me lembro bem que a primeira vez que o vi foi num ato do Movimento da Luta Antimanicomial (que ele militava), que saiu da Benedito Calixto e subiu a Cardeal até o final, nesse dia ganhei até um zine com os escritos dele.

E mesmo em Curitiba eu o vi duas vezes, num bar, sentado, conversando com seus amigos, em frente a faculdade que eu estudava.

Ficava olhando pra ele e pensando na vida do cara, nunca tive coragem de trocar uma idéia, por timidez mesmo.

A vida dele (fisicamente) infelizmete se foi, mas a história (essência) fica.
Não deixe de ler e conhecer.
1 minuto de silêncio!
Michel da Silva

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