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sexta-feira, 25 de julho de 2008

25 de Julho - Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha





Ao observar você percebe o quanto elas fazem a diferença na multidão; com olhares sedutores, pele deslumbrante, expressões de luta e garra, mania de nunca desistirem do que desejam e de sempre mostrarem a capacidade de ir atrás seus sonhos.


Com um sorriso cativante trazem a cultura de um grupo étnico que é preciso, necessário e urgente valorizar.
Elas possuem uma força interna capaz de suportar a dor, as derrotas, as humilhações, o racismo, as discriminações relativas a salário, mercado de trabalho e assim mostram sua capacidade cultural e superam os seus obstáculos.


São mulheres que amam, que questionam, reivindicam seus direitos e ampliam discussões sobre o valor que cada uma delas possui e apostam nos processos coletivos para a real transformação da sociedade. Sem discriminação e preconceito de nenhuma natureza.


Carregam consigo o orgulho de pertencerem a um povo batalhador e ter uma beleza interna e externa que conquista, atrai e mostra um pouco mais da riqueza das mulheres em geral.
Por todos esses motivos a mulher afro-latino-americana e caribenha merece, e sempre, ser homenageada.


NEGRA
Para Gizelda

Sou mulher
Sou Negra.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de negralma.
Fui escrava.
Como mucama limpei o caminho dos meus
senhores.
Fui corpo, sangue, orifício para o prazer do outro.
Fui operária, doméstica, lavadeira...
Negrimaculei a alvazia sociedade.
Costurei o rasgo da invisibilidade.
Subi o morro:
Favela de São Jorge.
Lá no alto, fui pássaro... Cantei.
Da África para o mundo
Mostrei minha voz humilhada,
porém, no ritmo do tambor,
forte.
Fui vítima
da minha cor, do meu sexo.
Muitas portas
fechadas.
Fui guerreira e acordei
No meio da noite... tiroteios
São Jorge havia liberado o dragão.
Cuspes de fogo tentaram queimar meus sonhos.
Resisti...
Sou mulher
Sou Negra
Sou pobre
Sou história.
Escura como a noite.
Escura como o Nilo, jorrando ondas de
negralma.


Serafina Machado, Cadernos Negros 29. Quilombhoje: São Paulo, 2006


Fonte: Quilombhoje Literatura

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