Minha poesia não se presta
Ao chá da cinco da academia
Prefiro fala lá pelas calçadas
Nas paradas de ônibus
Molhada do burburinho da cidade
Dos batuques
Minha poesia
Se pica pela traseira do coletivo
Sem pagar
Se esfrega no reggae
Vigiando atento a cabrocha gostosa
Cheia de truques
Minha poesia
Nunca será exemplo
De paladar
Pode se ligar no hip hop
Pro toque
Haja vista seus versos aptos
A fila do SUS
Acordados antes da luz
A serviço do meu povo
Contando seus dramas
Minha poesia
pode até passar da hora na cama
Na mais pura desobediência
aos patrões
E como podemos supor
Nem tem métrica
Nem vem em rimas ricas
Podendo ser rica
de palavrões!
Ela é mesma onisciente
Mais a acima das futricas
Jamais será clássica
Fugiu da sala de aula bem cedo
Desassombrada e sem medo
Levou porrada nos porões
Já foi censurada
Viajou de carona
Em longos anos de estrada
Minha poesia está a serviço
De levantes e revoluções
Libertou-se da mordaça
Deixou de ficar calada
E sim um dia não for a luta
E de graça
Ela é toda de minha amada.
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Ao chá da cinco da academia
Prefiro fala lá pelas calçadas
Nas paradas de ônibus
Molhada do burburinho da cidade
Dos batuques
Minha poesia
Se pica pela traseira do coletivo
Sem pagar
Se esfrega no reggae
Vigiando atento a cabrocha gostosa
Cheia de truques
Minha poesia
Nunca será exemplo
De paladar
Pode se ligar no hip hop
Pro toque
Haja vista seus versos aptos
A fila do SUS
Acordados antes da luz
A serviço do meu povo
Contando seus dramas
Minha poesia
pode até passar da hora na cama
Na mais pura desobediência
aos patrões
E como podemos supor
Nem tem métrica
Nem vem em rimas ricas
Podendo ser rica
de palavrões!
Ela é mesma onisciente
Mais a acima das futricas
Jamais será clássica
Fugiu da sala de aula bem cedo
Desassombrada e sem medo
Levou porrada nos porões
Já foi censurada
Viajou de carona
Em longos anos de estrada
Minha poesia está a serviço
De levantes e revoluções
Libertou-se da mordaça
Deixou de ficar calada
E sim um dia não for a luta
E de graça
Ela é toda de minha amada.
José Carlos Limeira, nasceu em Salvador -BA em 01 de maio de 1951. Engenheiro Mecânico, atualmente é Assessor Técnico da Reitoria da Universidade do Estado da Bahia. Escreve poemas, contos, crônicas e artigos publicando desde 1971. Entre seus livros, Zumbi... dos, Lembranças, O Arco Íris Negro (parceria com Éle Semog), Atabaques (parceria com Éle Semog). Participou de vários números dos Cadernos Negros e das Antologias Schwarze Poesie (Ed. Diá-Alemanha), Schwarze Prosa (Ed, Diá -Alemanha), Callaloo vol 2 (USA), Callaloo (Special Issue - 300 anos Zumbi -USA), Axé-Antologia da Poesia Negra Brasileira Ed Global 1983, A Razão da Chama Ed. GRD, Negro Brasileiro Negro número 25(Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e outras. Verbete em Quem é Quem na Negritude Brasileira Ed.CNAB 1998, citado em diversas teses e publicações como A Mão Afro-Brasileira (Significado da Contribuição Artística e Histórica - Ed.Tenenge 1988), O Negro Escrito (Oswaldo de Camargo) entre outras.
4 comentários:
VAleu Elo mais um que conta agora em nosso repertório, tardiamente é claro por toda contribuição que ja é de há muito tempo, mais é mais rica por vim pelo espaço de quem vem...
é isso meus irmandade,José Carlos Limeira é poesia testemunha da cor, compositor do jazz brasileiro, do lamento descontente do negro que espanta os fantasmas da escravidão e dança o sagrado na resistência de nossa cultura. Parabéns Elo, por essas letras negras que não se deixam diluir no periferismo. Kolufé!
Muito obrigado pela lembrança.
Sigo nessa estrada que vai dar no futuro digno para negros e negras, deste país. Precisamos de mais versos e espaços como o ELO da Corrente haja vista que os entendo como tijolos da construção do edifício da literatura negra, de resgate, de luta e de amor.
Após o apagão de ontem aqui no nordeste lembrei de um verso que fiz para a negra amada "se não houver luz vou amar-te em braille"
axé e Luta
José Carlos Limeira
Infelizmente, José Carlos Limeira nos deixou no dia 12/3/2016, depois de lutar bravamente por mais de 1 ano, contra um problema cardíaco. O seu legado nos será eterno , a nossa poesia ficou mais pobre...
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