Marcas na alma
Marcas...
Pela pele ingrata
Pelo cabelo ingrato
Marcas no corpo de açoites
Esses levados com tanto ódio
Vivi comendo restos
Vivi vestindo trapos
De tanto sofrimento quis morrer
De tanto aborrecimento amaldiçoei minha cor
Amaldiçoei meu barraco.
Meus filhos, nascidos no sofrimento
Crescerão
E vão viver minha vida no futuro próximo
Minha pele hoje é marcada pela cor
Que continua sendo ingrata
Aqui nesse lugar fui despejada
Aqui nesse lugar relato todas injurias
E aqui em alguns anos
Outros relataram em meu lugar
Será que vai mudar alguma coisa até lá?
Vivo escrevendo realidades
Vividas com tanto desprezo
Olhos cansados
De tanto enxergar brigas
Dos que moram no quarto de despejo
Ouvidos e boca cansados de ouvir e trocar insultos
Com os despejados
Pés descalços
E neles espinhos que me angustiam
Hoje sentada no que eu chamo de casa
Mesmo assim cinqüenta anos depois
Escrevo as mesmas coisas do Brasil
E dos seus quartos de despejo...
E aqui em alguns anos
Outros relataram em meu lugar
Será que vai mudar alguma coisa até lá?
Vivo escrevendo realidades
Vividas com tanto desprezo
Olhos cansados
De tanto enxergar brigas
Dos que moram no quarto de despejo
Ouvidos e boca cansados de ouvir e trocar insultos
Com os despejados
Pés descalços
E neles espinhos que me angustiam
Hoje sentada no que eu chamo de casa
Mesmo assim cinqüenta anos depois
Escrevo as mesmas coisas do Brasil
E dos seus quartos de despejo...
Um comentário:
...O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora.
quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças...
Mensagem profética, porém...
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