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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

HORA DE DESCANSO por Michel da Silva

Um menino de pés descalços
Sujo de barro e poeira
Ouviu um barulho na porta
Do seu barraco de madeira

Era a carência batendo a porta
Sem mãe aos três de idade
Dela só restou muita saudade

Já na fase adulta
Agora moço com orgulho
Se salvou da vida curta
E ouviu outro barulho

Era o amor batendo a porta
Intensidade e paixão
Um compromisso firmou a união

Alegria logo em seguida
A esperança bateu a porta
Nasceu um fruto, nova vida
Pra resgatar e oferecer
Toda infância perdida

A porta do buteco estava aberta
Uma cerveja pra comemorar
E como sempre pra variar
Uma cacheta e um bilhar

A comemoração não cessou
Ao jogo e a dependência
O vicio lhe convidou

O amor fechou a porta
Roupa jogada na porta do bar
Tomou uma com os amigos
E depois começou a chorar

O trabalho fechou a porta
A rua então foi o seu lugar
E o seu fruto impedido de semear

O sentimento abriu a porta
Família resgatou e acolheu
Confiança e muita força
Para reverter o que sofreu

Um novo amor bateu a porta
Intensidade e paixão
Um compromisso firmou a união

O fruto desapareceu
Sem herói e pouca idade
Só lhe restou muita saudade

A porta do buteco continuou aberta
Uma cerveja e uma branca pra relaxar
Depois a cacheta, um baseado e um bilhar

O vicio convidou
Novamente pra entrar
Virou o seu lazer
Sem opção, fazer o que?

O novo amor expulsou de casa sem dó
Roupa jogada na porta do bar
Tomou uma com os amigos
E começou a chorar

Ao relento foi dormir
Bebeu e chorou
Sem ver seu fruto
Crescer e sorrir

O sentimento abriu a porta
Um novo amor bateu a porta
O vicio bateu a porta

O fruto virou processo
Oficial de justiça
Na porta do buteco

Um vicio decadente
Figura de um doente
Envelheceu precocemente
Perdeu todos os dentes

O novo amor expulsou de casa sem dó
Roupa jogada na porta do bar
Tomou uma com os amigos
E começou a chorar

Depois dessa mão
Até o sentimento
Lhe deixou no mundão

O amor fechou a porta
A família fechou a porta
A sociedade fechou a porta
Quem se importa?

A culpa foi do bar
Muitos disseram isso
Mas é trabalho e o sustento
Da família do Benedito

Colheu o que plantou
Plantou o que sobrou
Da vida renegou
Pois dela se lembrou
E só se desgostou

Alguém bateu na porta
Mas ele não foi atender
Já não estava mais
Foi em busca do melhor
O que era do seu merecer

Procurou em todo canto
Sem bem saber
O que realmente queria
Mas no fim daquele dia
Bateu em uma porta
Movido por um encanto
Encontrou um merecido
descanso

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