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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Allan da Rosa no Senac -Lapa (ontem)

Ontem, eu mais o Douglas, fomos prestigiar a participação do poeta Allan da Rosa no debate sobre Jonalismo-Literário, organizado pelo Jonalirismo e pelo Senac.
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A mesa, além do Allan, teve a participação dos jornalistas: Eliane Brum (Revista Época), Daniel Piza (Estadão), Pedro Bial (do plin-plin) e Sergio Vilas Boas (reporter e professor). O auditório estava lotado, muitas pessoas pelo debate, outras muitas para afagar o ego global e alimentar o sonho de ser mais um próspero jornalista desse naipe.
A mediação foi do também jornalista Guilerme Azevedo. O primeiro tema do debate era sobre a possibiidade do jornalista ser independente. As referências da temática foram Lima Barreto e Machado de Assis.

Sobre Lima Barreto, Pedro Bial fez questão de ressaltar, ou melhor, reduzir a pessoa do mestre Lima a insanidade mental, justificando que a contra-cultura é algo dispensável hoje em dia, pois esse movimento tirou a vida de pessoas como Cazuza e Raul Seixas. Bial afirmou ainda que todo jornalista passa da fase de ser pautado, para fazer sua pauta e disse acreditar que já está nessa segunda fase, mas logo em seguida lembrou da empresa que paga seu salário.
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Já Sergio Vilas Boas e Daniel Piza celebraram a figura de Machado de Assis, afirmando que ele realmente foi idependente no fazer do jornalismo literário. Daniel observou também que todo jornalista quando inicia aprende essencialmente duas coisas: primeiro o que deve fazer e depois o que não deve fazer.
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Eliane Brum destacou sua crença na possibilidade do jornalista independente e citou até exemplos, como o próprio Guilerme Azevedo. Disse também que é fácil travar brigas ideológicas estando fora das mega-redações, afirmando que a batalha mais acirrada acontece dentrro do sistema.
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Allan observou que a independencia fica muito restrita em uma midia que exagera na rapidez da informação e da imagem, onde você vai dos gols da rodada a guerra no Iraque em um minuto, além de relacionar que todo jornalista de midia graúda mesmo sendo independente, não deixa de servir a uma empresa e logo a um modelo editorial. A justificativa desse argumento ficou bem explicito quando Allan leu um manual editorial da Folha, de 1986, ditando as regras da redação e da editoração das matérias.

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Allan conversando com uma estudante

A segunda questão era para discutir a a mitologia como auxilio de superação do jornalismo negativo e violento. Allan relacionou a importância dos mitos (principalmente dos heróis, como Zumbi) na construção das identidades positivas e também das sensibilidades que diferem uma informação, ao ouvir, ao ler, no papel ou no digital e as diferenças que isso implica no imaginário da informação.

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Sergio Vilas Boas, defendeu que essas diferenças são irrelevantes e afirmou que atualmente é contra a construção de mitos, algo que ele relacionou as celebridades, comparando que antes tinhamos icones como Ghandi e Luther King como referências e hoje a maioria das pessoas idolatram figuras como Paris Hilton, só pro modismo. Por isso é contra qualquer celebritismo. Sergio acredita que essa tendência deve-se porque o Brasil saiu de um periodo ditatorial recentemente, e ainda temos pouco intimidade com pratica democratica.

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Bial reforçou a opinião de Sergio, principalmente de não concondar com a tendência de celebritismo, mas nada disse sobre as intençoes do BBB, além de falar muito de democracia, dizendo que vivemos um momento muito complexo e relativo, por isso não dá para definir e julgar as tendências.

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Eliane Brum destacou o papel dos blogs como um avanço na subjetividade da informação e explicou que assumiu um estilo de fazer jornalismo com a seguinte premissa: "toda história tem em si mesma a melhor forma de ser contada", privilegiando os relatos e a observação.

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Bial afirmou que atualmente observa muita redundancia no jornalismo, confirmou a formula evidenciada por Allan, do jornalismo de balaio, como algo pensado desde a Revolução Industrial, para vender produtos e informação ao mesmo tempo e rápido.
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Porém, as posições de Sergio e Bial, forma contestadas por Allan, pois ele disse que não acredita estarmos vivendo uma democracia, onde a maioria dos canais de tv e redações de jornal do Brasil são de um mesmo conglomerado, ou de poderio de poucos, e onde as rádios comunitárias não tem legalidade de funcionamento nas comunidades, pelo mesmo motivo. Allan insistiu ao se referir as midias como "midiocridade", e Bial disse que tudo atualmente é mediocre na mídia atual, além de discordar com Elaine Brum sobre o potencial dos blogs, afirmando que 90% do que está na internet é lixo cultural.




Sergio Vilas Boas questionou o termo jornalismo-literário, pois acredita que mesmo esses nomes sendo usados para evitar um senso comum, todo tipo de jornalismo, independente do substantivo (policial, esportivo, etc.), é jornalismo também.
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Daniel Piza discordou, dizendo que obras como Os sertões (Euclides da Cunha), pelo fato de ser um livro escrito por um correspondente da Folha na guerra de Canudos, deve ser considerado um jornalismo literário, também citou como um exemplo "maravilhoso" de jornalismo-literário, uma materia feita certa vez por um profissional sobre alguns mendigos que viviam em um albergue. Nessa mesma dsicussão, Allan destacou também a atuação dos cordelista, como cronistas de histórias e noticias, relatadas em forma de poesia nas comunidades nordestinas, antes mesmo da chegada das informações pelos meios de comunicação.
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Particularmente, gostei do debate, mesmo por vezes vendo o Allan no meio de uma arapuca, pois era o da mesa que não era jornalista e também o unico que não era dos veiculos de massa, melhor assim. Porém consegui perceber o quanto é preciso seguir um modelo nesses veiculos e da contradição que esses mesmos jornalistas dizem quando se deparam em falar sobre o assunto. Os esteriótipos, do tipo "matéria maravilhosa sobre mendigos em albergue" , ainda é visto como algo progressista no fazer jornalistico.
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Sobre o questionamento sobre os mitos, penso que agora, depois de 509 anos de estupro fisico e ideológico, é fácil dizer que não devemos mais buscar referências positivas em nossa história, sem relacionar que por séculos a desigualdade social e o racismo a brasileira teve como base a celebração de heróis da mesma origem e classe social dos que se deleitam no poder e posse da riqueza nesse pais atualmente. Pois, para eles o foco de superação é a ditadura militar, como se esse fosse o unico momento atroz da história, sem considerar, no minimo a Abolição da escravatura, ou melhor dizendo a Abolição da verdade, como disse o truta Marciano dias atrás no bar do Santista.
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O mais preocupante foi constatar que muitos estudantes de jornalismo, disseram escancaradamente, na hora das perguntas, que querem mesmo ser jornalistas dos latifundios jornalisticos da Globo, que tem como idolos Pedro Bial e Fatima Bernardes, e preferem tomar partido com essa conivência de mentiras e padrões estáticos. Salvo uma minorias de estudantes que, passaram pelo Allan no final, concordaram com as criticas feitas e se identificam com outros horizontes, muito além da mesmice.
Pois como o Allan mesmo disse, ao final para o Guilerme Azevedo, o problema não era a definir qual a verdade em questão, mas sim concordar com as mentiras.
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Michel da Silva.




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