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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

SARAU RAP - POESIA DAS RUAS (ta de volta!)

SARAU RAP - POESIA DAS RUAS
Apresentação: Sergio Vaz

DIA 31 DE JANEIRO
quinta - feira
20HS

AÇÃO EDUCATIVA
Rua General Jardim, 660
centro - SP

É só chegar !!!

sábado, 26 de janeiro de 2008

Lançamanto do cordel "Saudade do meu Sertão" de João do Nascimento - 24/01 -Sarau Elo da Corrente


Soninha e Akins Kinte


Claudio Santista e João do Nascimento na decoração

Thiago na venda do cordel


Cabra da Peste

João do Nascimento e Michel da Silva


Osmar, João do Nascimento e Vado Pimenta, no fundo o Santista

capa do cordel

"Saudade do meu Sertão"

João do Nascimento Santos



No ultimo sarau Elo da Corrente do mês de janeiro, quinta dia 24/01, o bar do Santista virou uma casa nordestina, para celebrar o lançamento do cordel "Saudade do meu Sertão" do poeta João do Nascimento. Foi uma festa muito legal, a comunidade compareceu, poetas, poetizas , amigos da melhor idade, o irmão Akins Kinte também chegou junto, o artista popular Vado Pimenta, que fez a xilogravura do cordel, o grupo de Teatro PArabelo, muito bom.


A poesia se encontrou com a música diversas vezes, pois o mano Osmar e seu cumpadre Neguinho levaram o berimbau e um pandeiro e cantaram muitas músicas de capoeira, depois o Vado Pimenta pegou uma zabumba , seu João uma caixa e com o pandeiro do Osmar, fizeram uma breve apresentação de forró. Os intrumentos tocados foram construidos em uma oficina que o Vado ministrou há alguns anos no Ceu Vl Atlantica, onde estou atulizando o blog. Nessa oficina ele conheceu o poeta João do Nascimento e tudo veio vingar no lançamento do cordel.

Os manos da capoeira também musicaram uma poesia da Soninha e outra da Raquel, ficou muito bom, arrepiou na hora.

Também foi o lançamento da nosso selo editorial "Elo da Corrente Edições", que pretende publicar os escritos dos poetas do nosso sarau e injetar ainda mais literatura na quebrada.

Firmeza ....

Sarau volta dia 07/02 , daquele jeito e quinta que vem (31/01) tem sarau do Rap, na Ação Educativa e vamos colar lá com certeza.



Ta valendo


Michel da Silva

Salve ao pequeno Evandro Borges ...

Queremos deixar aqui um salve ao pequeno Evandro Borges, filho de MArilda Borges e Alessandro Buzo, pois ele quebrou o cotovelo, mas já operou e está bem, conforme o Buzo explicou por email, e estamos torcendo pra que ele fique bem e se recupere logo, para voltar a brincar e correr como ele e toda criança gosta.

Vida longa Evandro!!!

Um abraço pra você!

Michel e Raquel




Evandro na foto da mãe Marilda Borges

ENTREVISTA MICHEL DA SILVA P/ SITE LITERATURA PERIFERICA

Michel da Silva (foto: Marilda Borges)



Segue abaixo uma entrevista que concedi ao escritor Alessandro Buzo e foi publicada no blog, onde também sou colunista, "Literatura Periférica". Firmeza Total... Visite os blogs da Suburbano Convicto produções e leia várias entrevistas com grandes personalidades na nossa cultura






Buzo- Como foi o corre do seu primeiro livro: Desencontros ?

Michel da Silva: Eu tinha alguns contos que eu mostrava somente pra alguns amigos e nada mais, até que um dia conversando com o Mannu U.F (Alerta ao Sistema) ele incentivou: "Ai mano, porque não um livro?". No começo não acreditei muito, mas como já estavamos no apetite de movimentar a quebrada culturalmente, percebi que batalhar pelo livro seria legal. Primeiramente os contos foram publicados no blog Literatura Periferica, com apoio do Buzo, e depois o livro foi lançado no nosso sarau em Pirituba. Esse trampo é dedicado ao nosso bairro.


Buzo- Alcançou as suas expectativas ?

M.S- Até superou. Lógico que em relação a vendagem e distribuição eu não encanei com números, mas os poucos exemplares distribuidos em Pirituba e pros manos e minas de várias quebradas, fortaleceu muito nossa correria. Consolidou o sarau, conhecer novos parceiros, fortalecer com outros, ver gente que não lê se interessar por literatura, alguns até se descobrindo como poeta e militante. O aprendizado tem sido mil grau.


Buzo- Fale da sua participação na coletânea: Suburbano Convicto - Pelas Periferias do Brasil ?

M.S- Mó responsa, respeito e satisfação por essa oportunidade, estar ao lado das nossas referências de luta nesse livro e marcar história com algo positivo da nossa cultura é muito importante. Espero que esse ano se concretize o volume dois, com novos autores pra nossa literatura e a produção de conhecimento se tornar uma realidade nas periferias de todo Brasil.


Buzo- E no CADERNOS NEGROS - Volume 30 ?

M.S- Cadernos Negros é muito mais que um livro, é uma resistência do povo preto, a prova que a verdadeira liberdade está nas nossas mãos. Participar de uma luta que começou antes de eu nascer e que hoje me faz acreditar no mesmo próposito é emocionante. A luta racial é importante, o surgimento da periferia tem base no racismo e a discriminação impede que muitos periféricos sintam orgulho da sua negritude, da sua cultura. Escrever literatura negra é resgatar a importância desses valores. Outro fato importante é que foi meu primeiro trabalho junto com minha esposa e companheira de luta Raquel Almeida.


Buzo -Fale do Sarau Elo da Corrente que promove toda quinta em Pirituba ?

M.S- Nosso sarau com certeza é fruto da semente que Alessandro Buzo, Sergio Vaz, Ferréz, Allan da Rosa, Sacolinha, Elizandra, Dinha e tantos outros guerreiros (as) da nossa cultura plantam em nossos becos, vielas e nas portas de bares. É uma união entre a rádio comunitária Urbanos, o grupo Alerta ao Sistema, nosso anfitrião Claudio Santista, que a cada dia tem envolvido mais a nossa comunidade na literatura, no conhecimento, auto - valorização e organização. É só o começo, somos minoria no bairro ainda, mas acreditamos no trampo e vamos seguir em frente.


Buzo- Porque escreve ?

M.S- Escrevo pra contar nossas histórias, pra mostrar nosso valor, pra exercer liberdade de expressão. Acredito que o acesso a cultura e o conhecimento são as únicas forma de mudar nossa realidade tão desigual. Mas tem que ser nós por nós, informação da periferia pra periferia, senão vai continuar tudo como sempre esteve.


Buzo- Um Livro ?

M.S- São muitos... mas o livro da peça teatral "O pagador de Promessas" de Dias Gomes foi o primeiro que me fez sentir a literatura criar vida.


Buzo- Um filme ?

M.S- Malcolm X, direção Spike Lee (mas indico o livro também).


Buzo- Fale do livro coletânea que está organizando com o pessoal do Sarau Elo da Corrente ?

M.S- Esse livro é antologia que vai reunir os poetas que frequentam o sarau, escritores do bairro e os irmãos que já nos visitaram a exemplo do Buzo, Canto , Ciriaco, Akins e Elizandra. Vai ser lançado em junho, no aniversário do sarau, e já esta em produção. Será a primeira publicação da maioria dos autores e vem pra consolidar a literatura na quebrada, pelo coletivo, pela união.


Buzo- O que mais vem ai em 2008 ? Um novo livro do Michel da Silva ?

M.S - Além dos corres com o sarau e com o nosso blog. Tem muita coisa engatilhada, confirmado mesmo é o lançamento do nosso selo editorial (Elo da Corrente Edições) que terá como obra de lançamento o livreto de cordel do poeta João do Nascimento, no dia 24/01, logo o convite chega. E a antologia do sarau pra junho. O restante depende de alguns detalhes e por isso ainda não posso divulgar. Eu pretendo publicar um novo livro de contos esse ano, se possivel, com os contos do primeiro livro e outros inéditos, uma versão revisada e ampliada e com tiragem maior, mas sem previsão de lançamento.


Buzo- Um mensagem aos leitores do Blog ?

M.S - Eu também sou leitor do blog e quero dizer pra que continuem lendo e participando porque esse site, com certeza é em pró de uma periferia melhor. Um sonho que eu também acredito em realizar. Tá valendo!!!



sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

ELO DA CORRENTE EDIÇÕES convida ...

João do Nascimento
*
LANÇAMENTO DO CORDEL
*
"SAUDADE DO MEU SERTÃO"
de
João do Nascimento Santos
*
Dia: 24/01 (QUINTA)
*
20:00 HORAS
*
Sarau Elo da Corrente
*
Bar do Santista
Rua Jurubim,788-a Pirituba
*
BORÁ LÁ...

POEMINHA DO CONTRA por Mario Quintana


"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho
Eles passarão
Eu passarinho!"

INTERNET TA OSSO...(mas vai passar)

Salve !!!
Nosso blog não parou não, firmeza ??
Mas até o fim desse mês o acesso a internet ta osso em casa e vamos atualizar com menos frequencia na lan -house. É assim mesmo que blog periférico já não passou por isso, né não?
Enquanto isso, indicamos todos os blogs e sites que são link aqui pra você acessar, pois é leitura obrigatória nossa também.
Eu ia divulgar o convite do lançamento do cordel, mas aqui na lan não faz download de nada.
Quero dizer também que nosso sarau aconteceu ontem, no bar do Santista e foi muito da hora. POesia, atitude, poesia, atitude. O poeta João do Nascimento ta muito feliz pelo lançamento do seu cordel na semana que vem e já começou a ser homenageado no sarau de ontem. Amanhã vamos buscar os livretos, to mó ansioso pra ver, que da hora. O seu João foi resgatado pelo nosso sarau, por que acreditou e agora ta querendo publicar tudo que ele escreveu em trinta anos de poesia, que beleza!!!
Na quinta que vem então é nossa festa nordestina. No post de cima vai as informações completas. E na ultima quinta do mês vamos colar no primeiro Sarau do Rap do ano na Ação Educativa, mó saudade já !!!
De cara vou deixar uma poesia de Mario Quintana que eu gosto muito ...
Um abraço
Tamo junto
O barco segue, só ta devagar a internet, pois a correria ta de mil grau!!!
No fim do mês o blog volta com força total novamente, até lá vou sempre postando algumas coisas quando for possivel !!!
Fui
Michel da Silva

domingo, 13 de janeiro de 2008

VISITA A ELIZANDRA SOUZA 12/01

Elizandra Souza ao lado do parceiro Akins Kinte
*
*
*
Agora pouco voltamos da casa da amiga Elizandra Souza, ela está se recuperando do acidente sofrido mês passado, mas encontra-se bem , com aquele sorriso radiante de sempre. Passamos uma tarde muito legal ao lado dos seus pais, Dona Amélia e Seu Felicio, das suas irmãs Eli,
Elizangela e do seu cunhado Juliano, além disso tivemos a honra de conhecer um companheiro que batalha pela nossa literatura, estamos falando de Renato Palmares, da Associação dos Escritores de Santo Amaro.
Trocamos altas idéias sobre poesia, tempos de infância, religião, televisão, racismo e num momento de descontração acabamos comentando sobre os programas de rádio e chegamos no nome Eli Correa.
A Elizandra entregou que a dona Amélia é fã do cara e brincou afirmando que desconfia que o nome dela e de suas irmãs ( todos começados com ELI) é uma homenagem a esse radialista.
A Elizandra falou pra gente não postar isso no blog, mas a dona Amélia jurou de pé junto que não tem nada a ver e como foi um momento muito engraçado, entre tantos que passamos lá, não tem como passar batido.
Continuamos torcendo pela sua melhora e com certeza logo estaremos em algum sarau da vida ouvindo suas poesias e vendo seu lindo sorriso.
*
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AXÉ MJIBA!!!
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Michel e Raquel

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

PRIMEIRO SARAU DE 2008!!!

Saciando a sede e a fome de poesia e matando a saudade que incomodava nosso sossego, ontem nos esbaldamos de poesia, sem enjoar, e realizamos o primeiro sarau Elo da Corrente do ano. Depois do nosso festival de celebração da cultura periférica, uma certeza fica: A LUTA SEGUE FIRME EM 2008!!!
Para iniciar com força total ja está confirmado para o sarau do dia 24/01, mais um lançamento da nossa literatura no bar do Santista. Será lançado o livreto de poesia de cordel do nosso poeta João do Nascimento e de quebra o lançamento do nosso selo editorial. Vamos fazer uma festa bem bonita, pois esta é uma conquista importante do nosso sarau. Ja estamos preparando os convites, mas por favor, ja sinta-se convidado a celebrar conosco. Ah! Mas antes tem sarau no próximo quinta-feira dia 17/01, na mesma pegada de sempre.
****
Ta valendo!
**
Michel da Silva
***
Confira o Axé de ontem nas fotos abaixo
Michel da Silva

Raquel Almeida


Paulinho Bispo

Osmar Proença


Olhos e ouvidos atentos...

Soninha

Claudio Santista

João do Nascimento

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

SARAU ELO DA CORRENTE VOLTA NA PROXIMA QUINTA (10/01)

É isso mesmo!!!
Na próxima quinta feira iremos retornar com as atividades no bar do Santista e realizar o primeiro sarau Elo da Corrente do ano. Já tô com sede de poesia e tenho certeza que nossos poetas e poetizas também. Vamos chegar junto!!!
Esse ano apesar de só ter começado já tem muita correria em andamento, só evolução!!!

Ta todo mundo intimado então...

Sarau Elo da Corrente
Na próxima quinta-feira (10/01)
1° de 2008
Bar do Santista
Rua Jurubim, 788 -a Jd. Monte Alegre - Pirituba
às 20:30 horas

Chega junto!!!

2008 é nóis de novo, incomodando e fortalecendo ainda mais!!!



Momento mágico (quero mais!!!)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

SAUDADE COM FAROFA por Michel da Silva


No verão do ano passado, minha irmã estava de férias e alugou um kitnet de um amigo dela pra ficar alguns dias na Praia Grande. No ultimo final de semana eu colei lá com a minha esposa e ficamos junto com ela, meu cunhado e minha mãe. Meu cunhado estava de carro e resolvemos visitar uma praia no Guarujá. Um lugar bem bonito, acesso pra poucas pessoas, pois não havia ônibus ao redor e só casas do tipo mansão, por isso que muitos dizem que as praias do litoral norte são mais bonitas e limpas, o acesso é elitizado. Chegamos lá de boa, com um isopor com cerveja e refri, ficamos a tarde inteira na praia, fiz um rolê num morro coberto pela Mata Atlântica, que parecia o Pico do Jaraguá e fomos embora bem contentes, parece até estranho, né? Ir ao território dos boys, apesar da praia ser pública, e não acontecer nada de anormal. Abraça!

Entramos no carro do meu cunhado, um Apollo noventa e pouco, e quando estávamos a uns cinqüenta metros da praia o carro parou. Muitas tentativas de partida e nada. Empurra pra frente, pra trás e nada. Rua deserta, praia vazia, domingo à tarde, sem mecânica, sem saída. Do nada um carro importado surge na rua, era uma senhora com um cachorrinho, do tipo poodle. Quando o carro passou, lati pro cachorro dela, só pra zuar, de forma bem aguda e seca. O carro seguiu até a entrada da praia. Pensamos em pedir ajuda àquela senhora, para carregar nossa bateria com a famosa “chupeta”. Fomos em direção da mulher, mas quando estávamos quase chegando, ela se assustou e saiu correndo, literalmente, com o cachorrinho pra dentro do carro. Percebemos que ela ficou com medo, por causa do nosso estereótipo, que não tem nada haver com os moradores dali, coisa da cultura do medo. Mesmo assim pedimos ajuda. Meio intrigada ela prometeu encostar seu carro perto do nosso. Só aceitou depois que o vigia do local, que estava numa moto, lhe disse que já estávamos lá por algum tempo e que emprestaria o cabo da bateria, senão...

A mulher parou perto do carro e como ainda estava meio longe, pedimos que ela encostasse mais. Ela saiu do carro de uma forma estranha e disse:

- Olha pede pra outra pessoa que eu não vou poder esperar! Se fosse mais rápido, mais ainda tem que manobrar !? – Foi embora sem maiores explicações.
Ficamos boquiabertos coma atitude daquela mulher, ela deixou o medo superar a solidariedade. Nos deixou sozinhos, quase escurecendo, com duas crianças e um carro parado. Pensamos em deixar o carro lá e procurar um ônibus para voltar, mas ainda resolvemos arriscar em pedir ajuda em algumas casas. Na primeira casa ninguém atendeu. Na segunda um senhor também demonstrou pressa. Na terceira alguém respondeu, mas gritou pro meu cunhado de dentro da mansão:

- Aparece no meio da rua, para eu poder te ver e diz o que você quer!

Por sorte o vigia já interveio e explicou à situação, dois caras vieram ajudar com um jipe daqueles de rali e finalmente conseguimos recarregar a bateria e dar partida no carro. Os caras que ajudaram, foram embora rapidamente. O vigia, que fez a maior correria, também queria sair fora, mas antes nós resolvemos dar uma grana pela ajuda dele, porque o cara deixou o seu trabalho pra nos ajudar, nada mais justo! Pra ver... Ele ainda não queria aceitar.

No caminho de volta ficamos comentando sobre o acontecido, reconhecendo que no final das contas a nossa ajuda partiu da pessoa mais humilde, que não nos olhou com medo e desconfiança e fomos se lembrando de outras situações semelhantes, que cada um já havia passado. Chegamos à conclusão que quanto mais poder e grana uma pessoa tem, menos solidária ela é.

Minha irmã ficou indignada, revoltada com o desdém das pessoas. Mas ela pensa que pra não passar por isso é necessário conquistar o seu e não depender deles. Eu já pensei diferente, vi o quanto á sociedade burguesa é preconceituosa, mais uma vez, e individualista, parece que vivem no mundo maravilhoso, mas tem medo da própria sombra e não gostam de ajudar ninguém, querem mais é que o próximo se f... E se quisermos ser como eles, vamos praticar os mesmos atos. Guardei comigo o exemplo do vigia, que se identificou com a gente, já deve ter passado o mesmo veneno e já foi ajudado um dia também, deixou mó ensinamento.

Lembrei do tempo em que a gente só viajava pra praia quando acontecia uma excursão de terreiro em época das festividades de Iemanjá, a rainha do mar. Era uma movimentação só na vila, atrás de passagem. A gente preparava as comidas em casa e levava tudo dentro do ônibus, tudo mundo dividia o que tinha, sem problema. Éramos os chamados “farofeiros”, por que a comida mais comum entre nós era frango com farofa. Dentro do ônibus, durante toda viajem as cantigas, de Umbanda e Candomblé, eram acompanhadas pelos atabaques. Quando chegávamos a Praia Grande, próximo da imagem de Iemanjá, encontrávamos muitos ônibus vindos de vários lugares do Brasil. Na areia da praia eram construídos diversos terreiros, cercados com cordas e folhagens. As oferendas eram deixadas no mar. Era parecido com as práticas dos terreiros da vila, mas a beleza era diferente, a proximidade com a natureza deixava outro clima no ar. A vestimenta dos praticantes tinha tudo haver com nossa ancestralidade. Era uma grande celebração da nossa matriz africana. Começava de manhãzinha e ai até o final da tarde. Sem contar que era um momento de lazer e a oportunidade de muitos em ver o mar pela primeira vez.

Como era festa de preto e não movimentava a economia local como o esperado, a prefeitura alegou que a poluição estava prejudicando o ambiente e começou a proibir nossas práticas na praia, inclusive as excursões. Essa justificativa não colou, pois poluição na praia no fim de ano é de dar nojo, mas como é para o consumismo da festa cristã, do ano novo e do carnaval, não há problemas.

Pena que sempre quem determina nosso acesso ao lazer, ao divertimento e até as práticas religiosas são aqueles que mandam nas cidades, ou seja, os mesmos burgueses que ficam em praias exclusivas no Guarujás e Ubatubas da vida. Quem sabe um dia isso muda e não fique somente na lembrança. Era uma tradição que passava de pai pra filho e de repente acabou.

Esse tempo, com certeza, deixou saudade e como deixou. Hoje sempre que vou fazer um “bate-volta” na praia coma minha esposa é na inspiração dessas excursões, mas hoje não há nenhum sentido religioso, pois a massificação das nossas raízes reflete nisso também, infelizmente. Muitos podem se esquecer ou deixar uma lembrança negativa sobre nós, mas se esqueceram tanto da gente, que não se lembraram de nos tirar o papel e a caneta e assim contamos, escrevemos e eternizamos a outra versão da história.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Cenas por Raquel Almeida

Outro dia vi uma cena real não é estória
Vários meninos cheirando cola na porta da escola
Olhei bem, eles falaram comigo
Acenei pois muitos deles são meus conhecidos
Triste cena, fiquei revoltada
Criancinhas saindo da escola
E eles lá na calçada
Pensei, pensei, qual é a solução?
Mas se alguém falar eles não vão dar atenção
Outro dia vi uma cena pela televisão
Meninas menores em plena prostituição
Fiquei com ódio desliguei a tv
Ô gente que ganha ibope a nossas custas
Será que ninguém vê?
Maldição, de novo aquele seriado
Fantoches negros fazendo papel de palhaços
Em busca de fama poder e dinheiro
E a mídia o usa como “o palhaço negro”
Fui assistir na tv um debate
Outro assunto nosso,mas quem debatia era um desastre
Uma patricinha, um deputado, dois playboys e um negro pra desmistificar
Todos eles quando abriam a boca não sabiam nem o que falar
Quis ouvir uma musica pra tentar aliviar
Mas nos clipes é só peito e bunda pra lá e pra cá
Caramba! Assim não dá!
Ô mundinho alienado
Ah! Deixa pra lá
No programa de comédia
O comédia é o pobre e o rico a platéia
Assuntos de pura seriedade
São tratados com sarcasmo pela sociedade
Mudo de canal outro charlatão
Programas evangélicos na televisão
Deus cura, Deus salva, porem da o dízimo
Senão irá com o diabo para o abismo
Os fiéis dão tudo que tem, tudo que pode
E os bispos enchendo o bolso com o dinheiro dos fiéis pobres
Será que eu que sou chata por enxergar tudo isso
Todo mundo gosta, todo mundo aplaude e eu achando um lixo
Não! O problema não é comigo
O Brasil está alienado mesmo
Não se espante com isso
Amanhã é tudo de novo
Menino cheirando cola na escola
Prostituição, alienação,
pastor ladrão, rappers cafetão
E seja bem vindo ao país da alienação!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

SEM VOCÊ por Michel da Silva


A sensação de vazio é grande
a vida faz eco
muda o semblante

chove e faz frio em pleno verão
nada me aquece
até a lua desaparece

imagino seu beijo
seus lábios carnudos
sua pele cheirosa
seu cabelo trançado
suas mãos, seu corpo

susurros doces
palavras de conforto

volte rainha guerreira
continue soberana no meu coração

volte menina
me faça sorrir como uma inocente criança

volte linda mulher
brilhe meus olhos ao fitar sua negra beleza

volte minha preta
vamos celebrar nosso amor
de benção ancestral

me abrace eternamente
e que essa sensação domine minha mente

pois nem em pensamento
ou em nenhum amanhecer

quero pensar ou acordar
novamente sem você





quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

ESCRITORA MIRIAM ALVES ESCREVE SOBRE CADERNOS NEGROS ...

"Cadernos Negros uma iniciativa que traz luzes a chamada literatura brasileira, iluminando aspectos literários antes invisíveis".
Confira as fotos de alguns autores presentes no lançamento (14/12/07)
no link:
http://www.flickr.com/photos/21187810@N03/2152195828/in/set-72157603589348320/

Miriam Alves
escritoramiriamalves@yahoo.com.br